29/12/2015

16/12/2015

Aparentemente...

... meu senso de seletividade acerca das batalhas que eu travo contra o mundo está falhando sem que possa fazer muita coisa pra evitar que isso aconteça. Me pego infinitamente tropeçando nas minhas próprias palavras porque no passado (aquele passado não tão distante assim) as palavras transbordavam da minha boca em direção ao vento. E elas iam embora, me deixando sozinha e abalada, pensando sinistramente nas consequências de palavras criarem asas assim. O senso comum da sobrevivência me encurralou em uma relação abusiva com meu medo abissal da vida. Meu medo, com seus olhos de espelho e perfume familiar de antecipação da fortuna.
Parece aquela sensação de depressão muda que o clima exerce sobre os corpos antes de chover. Quando a gravidade parece melancólica e estranhamente silenciosa, fluindo mais em direção ao chão do que o normal. Levando tudo o que tem vida a olhar para os próprios eixos de fundamento, com uma pressa injustificável de buscar abrigo imediato, de olhar nada acima do horizonte sem cerrar levemente os olhos e pressionar os lábios com breve descontentamento. É isso que eu sinto, a estranha calmaria antes da tempestade, a sensação de que existem mudanças indefinidas logo após eu dobrar a esquina, como a antecipação de algo que eu não sei se é uma tragédia ou um milagre, mas que é inegavelmente ALGO, pulsante, vivo, andando irreversivelmente na minha direção com passos abafados.
É a sensação de ser vigiada. E a sensação cresce pele acima, como um arrepio eriçando os poros das costas em direção ao pescoço. Como uma mão tocando a pele nua entre as minhas escápulas, e a mão não se move e não pode ser vista, mas está inegavelmente lá, morna, irrequieta, transpirando, pressionando minhas vértebras com irreparável obstinação. Como se a minha pele buscasse irremediavelmente aplacar o desequilíbrio de polaridades entre o céu e a terra, antecipando ansiosamente a sensação ensurdecedora de ser atingida pelo raio (que sempre cai no mesmo lugar, afinal).

What should I do, lennavan? What should I do?


06/12/2015

Under the lights

Eu sei o que acontece quando eu fecho os olhos pra dormir
Eu sei o que tu vê, porque eu vejo o mesmo
E eu também sei que tu sabe que eu tenho uma lista do tamanho de um livro de travesseiro enumerando todos os motivos pelos quais a gente não daria certo tendo qualquer tipo de relação que não fosse estranha aos meus [a]braços

O que tu não sabe é que o item número um é como um tiro de doze no meio do meu esterno
quebrando devagar meus ossos, me curvando sobre o peso do tiro
atravessando meu peito
cheirando à pólvora e carne queimada
dilacerando meus pulmões e roubando meu ar
saindo como uma breve nota monocórdia dos meus lábios entreabertos
espirrando meu sangue e minha auto estima pela parede

de uma arma que ninguém segura

e tudo o que escorre em direção ao chão
tem o peso da gravidade e do meu desespero
tem o peso da minha mão tentando estancar o sangue
tem o peso do teu sorriso indelével de inocência
passando infinito na minha mente de olhos sem pálpebras

não é tua culpa
não é minha também

mas
E U D E S I S T O


04/12/2015

Viver é uma experiência solitária

Mais uma vez me dou conta de verdades absolutas que me fazem enxergar o mundo de uma forma terrivelmente racional. Terrivelmente, digo, porque dói. E dói com força, como um punho que sobe do meu estômago rasgando minhas vísceras em direção às minhas costelas, assim, vindo de dentro mesmo, num movimento pra agarrar devagar minha garganta. O medo me vem como uma reação automática ao desconhecido, como algo que supostamente foi criado pra me convencer e não ir em frente, pra evitar que eu me machuque. O medo quer que eu sobreviva. Mas eu vejo.
Talvez eu tenha alcançado aquele nível de enxergar as coisas que são muito humanas, que me colocam numa posição de extremo respeito pelas coisas que eu sinto, mas que me isolam numa posição de intenso desprezo pelos movimentos naturais.
Viver está sendo uma experiência cada vez mais solitária. Viver é exílio.
Não há nada sem fórmula e é com esperável resignação que descubro que a vida e o amor, e a paixão e as sensações de liberdade ou auto-conhecimento chegam a mim como jorros químicos, queimando células e me deixando intoxicadamente eufórica ou consciente de tudo o que se passa em mim (e nos outros). Porque é isso que é: sentir cada célula, cada poro, cada lágrima brotando devagar subindo pela garganta, provocando um rubor incontrolado no meu rosto, embaçando minha visão, caindo pra fora do meus olhos sempre rápido demais, quase frio em contraste com o sangue fluido que colore minha pele. Mais do que sentir, eu vejo.
Tudo parece mais lento que o natural, porque o tempo é relativo daqui de dentro e tudo funciona em um infinito processo. Porque em mim e nos outros, tudo parece encadeamento: parte de uma grande máquina biológica provocando reações embriagantes e sinistras. Porque em algum momento da evolução do mundo, duas moléculas se uniram pra determinar a primeira e única regra válida: sobrevivência a todo o custo. Imortalidade. Persistência.
E tudo parece só isso: produzir pra existir. Produzir pra sobreviver. Conservar-se, manter-se, prosseguir até que em última instância as reações químicas te digam pra parar. Te gritem pra desistir. Te implorem pra aceitar que não há mais saída. Até o final, parece ser necessário persistir porque a desistência não é natural da espécie humana: é doença. Desistir é digno de pena. Desistir é digno de investigação, de terapia, de compostos químicos sintéticos contra reações humanas não humanas.
Enxergar isso de forma tão clara só me leva ao extremo oposto da evolução: não há nada que eu não racionalize e que me leve a querer sobreviver num mundo feito de reações químicas construídas com o intuito de me fazer sentir inútil se minhas células de alguma forma não se reproduzirem. Inútil se e de alguma forma eu não deixar nada, NADA, no mundo que seja meu e único, mas que seja notável e queira também sobreviver de alguma forma: uma árvore, um livro, um filho.
E eu também enxergo os outros infinitamente como parte da teia, mesmo com os olhos fechados, porque minha mente tem olhos sem pálpebras. Eu vejo. E tudo em todos ainda é processo. Mas em mim, um processo permanente de "só existe essa conformidade que se alastra, que não é quente e não é fria, que segura com firmeza a minha garganta, mas não aperta. Que me sufoca, mas ainda assim me deixa respirar (um bocado e mais um bocado e mais um bocado).


Só o suficiente pra que eu sobreviva. Eu sobrevivo, mas não sou uma sobrevivente.
Eu nem luto.
eu nem..."


28/11/2015

Every teardrop is a waterfall

A gente nasce sozinho. Chora um choro desesperado e único, de dor e medo do desconhecido. Porque nada, nada, nada mesmo nos prepara pra vida.
A gente chora a primeira infância inteira. E quando não chora, dorme. Dorme e chora até que aprenda a parar de chorar, a segurar o choro porque o choro incomoda. E a gente segue de alguma forma sozinho, se constrói na aprovação de um mundo que te diz que apesar de inteligente, teu choro é burro. Teu choro é birra. Teu choro é feio. E teu pensamento segue sozinho.
Todo mundo descobre cedo o que é ilusão. Rompimento. E tu testa as palavras dos outros e os efeitos das tuas palavras neles. Tudo segue dependendo de uma aprovação infinita, mas teu choro de medo se transforma em choro de raiva. Tu chora porque está sozinho, de uma maneira ou de outra.
O tapa no rosto vem como um raio seguido de trovão, levando violentamente da tua boca as palavras que morrem. Agora é tu sozinho mesmo, não tem choro. Tá chorando por que? Tu aprende pela segunda vez a lição do rompimento.
Porque tu cresce levando tapas que te calam. Da vida, da mãe ou da amiga. Do cara da esquina. Do teu tio. A voz [do outro] é sempre mais alta e tu está sozinho. O choro seca. A palavra cala. Tudo o que tu quer é a primeira infância de novo, aquela em que só se chora ou dorme. Porque quando tu chora alguém vem pra te dizer que está lá contigo e quando tu dorme nada te faz chorar.
Tu repensa em todas as alternativas pra voltar a dormir. Dormir parece uma boa opção. Nada te faz chorar quando tu dorme. E todos que te dizem pra não dormir parecem querer te fazer chorar. Mas te calam, porque teu choro [da primeira infância ou da última] sempre incomoda. Tua lágrima silenciosa parece falar mais do que todos os gritos e tapas e vozes mais altas.
Pela terceira vez tu aprende sobre rompimento. Mas agora, o rompimento parece querer partir de ti.


Fique assim, meu amor
Sem crescer
Porque o mundo é ruim, é ruim
E você
vai sofrer de repente
Uma desilusão
Porque a vida é somente
Teu bicho-papão

Se não me deixam dormir, ao menos me deixem chorar.

25/11/2015

"First, you need to love yourself"

Eu não pretendo romantizar os relacionamentos e pensar pra sempre logo antes de adormecer que no meu subconsciente eu só quero que o amor me encontre. Eu pretendo me curar da ideia de que estar em um relacionamento é pré-requisito pra me sentir capaz de qualquer coisa que me valide no mundo real.
Relacionamento não é pré-requisito nem pretexto nem rótulo nem pode ser meu objetivo de vida. Eu me recuso a me sentir diminuída pelo teste da aprovação e do "ser" por outra pessoa. Eu existo. Eu sou válida.
Eu existo mesmo no silêncio, mesmo no escuro, mesmo quando meu corpo se dilui, derrete, se esvai ou adormece. Eu existo mesmo que minha mão não faça marcas no veludo. Eu existo mesmo que meu corpo não crie outra vida.
Eu existo quando ninguém me escuta.
Eu existo quando ninguém me toca.
Eu ainda existo quando ninguém me vê.

E é imensamente triste, triste mesmo, pensar que é isso que eu preciso repetir pra mim mesma todos os dias. Eu, que fui ensinada a amar e a agradar o outro, mas nunca fui ensinada como amar e agradar a mim mesma. Que sei como fazer alguém se sentir vivo, mas luto pra tentar entender como faço pra me sentir menos invisível.

Is this a threat?

10/11/2015

Do I?

Every once in a while
I ask myself
Why do I keep watching myself tear apart like It was a part of something bigger
Like it was something that should teach me a lesson
And I don't understant
I never understend
Why do I keep trying to pull myself together
Even though deep in my soul
I know
It'll not last longer

Do I need to die everyday to make myself understand
That everything I need
Is inside a hug
That I'll never feel around my body?

And I refuse to feel sorry for myself
I refuse to cry this pain away
I refuse to believe that I'm this weak
And I fail
I fail as a friend
God knows, I fail so many times as a friend
Ans I fail as a person
Drowning in as ocean of salty tears
That should not be there

Every once in a while
I ask myself
What do I do to feel so wrong?
What do I do to feel so jealous?
Why do I keep trying?

God, I'm still trying to fit in

31/10/2015

Keep yourself aware

Burn
Burn
Burn
Burn
Burn
Burn
Burn
Keep yourself believing
Don't think about that
Don't think about them
Deep down you know
You were not made for watching yourself die like this
Keep yourself trying
Keep yourself fighting
Burn yourself to the ground
Burn yourself to the bones
Burn it all
Burn
Burn
Burn
Burn until you know
You are not that weak

27/09/2015

erase me, erase me

Sing to me till I fall asleep
Play all that chords you know I like
Touch my lips gently with your fingers
Make me fall in love again

Or maybe

I should just take this moment
to fix my broken parts
To reconect my thoughts
To embrace myself till the last breath

Erase me
So I can start from scratch


21/09/2015

play me like a violin

fecho livros que eu não consigo ler
tranco janelas que eu nem tentei abrir
encerro conversas antes mesmo de começa-las
toco nas paredes frias do quarto e penso que é inevitável dar adeus

através de pequenos gestos eu me afasto
mas quanto mais eu tento fugir
mais eu me aproximo
quanto menos eu falo
mais eu digo
quanto menos eu vejo
mais eu enxergo

e é inevitável, amor
que eu sinta que a desistência é um ato necessário
e que todo o vazio é natural
porque ninguém nunca me disse
que eu tinha o direito de me sentir triste e perdida
e sozinha

o que me disseram
é que tudo é luta
e que se algo me dá prazer
é porque também vai me trazer dor

o que me disseram
é que tudo é fuga
e que se algo me da medo
é porque o fundo do oceano ainda está longe de ser alcançado

a insônia vem daqui:
o quanto eu ainda preciso nadar pra tocar no fundo?
em que momento eu me deixo desistir e me afogo de vez?
eu ainda consigo nadar de volta até a superfície?

em que momento eu posso parar de fugir?



12/09/2015

Anywhere is better than here

Me lembro que já tive essa sensação antes, a sensação de ter sido enganada pelo próprio corpo. A sensação de ter sido traída por coisas que estavam só na minha cabeça. Lembro de já ter acordado assim outras vezes, confusa e perdida, sem saber onde estava ou por que estava ali.
Lembro de mais de uma vez tentar abandonar meus sentimentos e senti-los mais frágeis do que eu gostaria. Eu me enganei, mais uma vez? O que há de errado? Quanto existe de verdade em dizer que eu não criei expectativa alguma? Sobre nada? Nem sobre mim mesma? Quanto existe de verdade em dizer que eu não me importava com nada que não fosse puramente o instante?
Mas a questão é que agora eu me sinto vazia e quebrada de novo. Violada. Exposta. Não por não ter tido minhas expectativas alimentadas, mas porque meu corpo me abandona de novo. Meu corpo falha em me manter crente nas sua própria capacidade de sobreviver em sociedade.Todas as boas sensações que eu nutri, todo o prazer que eu tentei manter fluindo dentro do meu peito parece ter ido embora. Como se nunca tivesse existido. O quão amarga pode ser essa sensação de falha? O quão profundo pode ser a sensação de puro fracasso? O quão patético parece tudo isso?
E eu tento fugir. Eu fujo. Corro. Corro como se a minha vida dependesse disso. Sinto o chão tremer e se partir quando meus pés tocam a terra. E os meus passos nunca estiveram tão pesados e rápidos. Sinto minhas pernas sendo usadas no limite. Fixo meus olhos num ponto no horizonte e sinto lágrimas que secam antes de cair. Sinto meu peito pegando fogo. E eu não me importo. Eu só quero que a sensação de vazio desapareça.
O pensamento que cruza minha mente é: por quanto tempo mais?


01/09/2015

Too many questions

I remember when you looked me into the eyes and said what I wanted to hear. I remember when you called my eyes, winter eyes. I smiled, because I couldn't understand. And I smile now, because now I understand what I am, and what my eyes are for those who stare at them.
It's funny to think about my past, to think about what I've become, to think about all this previous conversations and understand that this is why I can't run away anymore.
I'll never forget how blushed I was when I first thought about all this silly love songs. And I'll never forget all the regrets. I'll never forget the time when I was fully able to run away. And I smiled. And I decided to stay.
And now, here I am, trying to forget everything that made me think I was unworthy, but I keep failing. Why do I keep failing?


26/08/2015

I see the dull flame of desire

sorrio num movimento pouco natural
caminho contando os passos pra não enlouquecer
cruzo os braços e aperto os nós dos dedos
em torno do meu próprio corpo
porque preciso ter a certeza de que é impossível fugir de mim mesma
me forço a enxergar coisas que meu interior insiste em negar
envolvo meu coração entre os dedos e o aperto até que pare de bater
balbucio letras de músicas que falam sobre amores perdidos
busco dor, busco o escuro, busco um ponto de escape
ocupo a mente, enterro a cabeça no travesseiro e grito em silêncio
mas sinto cada parte do meu corpo me levando rio adentro
sonho com os olhos abertos enquanto todo o resto entra em combustão
e o movimento é delicado
intenso
infinito
denso
familiar
contagiante

doce como é na minha lembrança
assustador como sempre é afinal


23/08/2015

I'm burning

Entenda, nada do que eu escrevo aqui tem intenção alguma de nada.
Entenda, o que eu escrevo aqui não tem a pretensão de ser algo que não sejam só palavras que transbordam. Porque é isso que acontece: elas só transbordam.
Nada do que eu escrevo aqui anseia pela verdade absoluta, ou pela realização de nada.



MAS



eu fecho o livro
eu cerro os olhos
eu cruzo os braços
eu represo instintos
eu evito conflitos
eu amarro meus pés e mãos ao meu próprio corpo
e, mesmo assim, as palavras continuam a transbordar sem controle num fluxo denso e constante diretamente pra fora da minha cabeça, de encontro ao centro do meu peito incandescente

burn, bitch, BURN



20/08/2015

É de abrir os olhos que eu tenho medo

Meu coração continua batendo forte momentos antes de eu pegar no sono. Minha cabeça continua rodando mesmo que eu feche os olhos com força. Meu corpo em silêncio se acomoda ao som de uma respiração que não é a minha e se aconchega em uma cama que não é a minha. Eu estranho a claridade da janela e me viro infinitamente na cama; estou sem sono.

Eu entrelaço as pernas na cintura dele e o puxo pra mim enquanto mantenho os olhos fechados no escuro. Sinto seus olhos castanhos olhando pra mim, esperando por um próximo passo. Ele tira uma mecha de cabelo do meu rosto e beija meu pescoço. Roça a barba perto da minha orelha, porque é provável que eu tenha deixado escapar o fato de que eu gostava disso enquanto estava bêbada. Ele não sabe muito o que está fazendo ou esperando. Nem eu, na verdade. É sempre estranho isso pra mim, testar pequenos limites iniciais, começar qualquer movimento que seja. No entanto eu estou lá, atenta ao calor da pele dele entre as minhas pernas; atenta ao meu próprio calor; atenta à minha boca seca e semi-aberta contrastando com meus olhos fechados com força. Eu o abraço, mas ele não retribui. Passo meus dedos pelas costas dele e sinto que tranco a respiração por motivo algum. É medo, o que eu sinto? Eu ainda não sei o que estou esperando dele ou se espero qualquer coisa. Tenho a plena consciência de que eu poderia me deixar ficar aqui pra sempre. Nesse mínimo espaço entre duas pessoas, reside todo o silêncio que eu queria ter pra minha mente. No centro do peito dele, reside toda a certeza de que eu realmente deveria aproveitar o que o momento me reserva; e eu não preciso de nenhuma outra certeza na vida. Meu corpo inteiro vibra. Eu tenho plena certeza de que ele consegue ouvir meu coração batendo rápido demais. Minha mente arrependida me repreende por ter bebido mais do que deveria. Ele mexe no meu cabelo e levanta o meu rosto pra que eu abra os olhos, mas meu encosto os lábios na mão dele e mantenho os olhos fechados. Meus movimentos são inesperadamente lentos, como se eu temesse quebrar algum encanto, como se o menor ruído fosse desfazer tudo em névoa. Ele me puxa pra si.












E eu acordo.

17/08/2015

Este texto é sobre catarse

Então eu me apaixono. E eu me apaixono com força, me apaixono com o corpo todo. Eu caio de cama. Eu choro, eu paro de comer, eu paro de dormir, eu paro de me concentrar em tudo do mundo real e me recolho pra dentro da minha própria cabeça. E no início eu nego. Por que eu sei o que vem em seguida. Eu brigo, eu contenho. Depois eu solto, eu sorrio, eu aceito, eu canto, eu danço, eu festejo.
Então eu trabalho. Eu me aproximo mais, minha boca abre sozinha e dela escapam palavras que significam. Eu sinto vergonha, eu coro como uma menininha. Então eu envolvo a outra pessoa na minha aura passional. Eu cuido, eu zelo.
E no conforto de estar em um relacionamento eu entro num estado de calmaria. Então eu amo. Eu cuido. Mas eu me viro sozinha. Eu zelo, mas não cobro. E a outra pessoa não entende.
Porque em algum momento, na cabeça dela, ser passional e ser passiva se torna a mesma coisa.
Então há um erro de comunicação, uma falha, uma faísca, leve e surreal, quase abstrata. Mas está lá... e é ela que acende na minha mente uma revolução. Meu amor é real e leal e não exige nada em troca. Mas não se sustenta em bases limitantes. Não se alimenta de prisão. Não se baseia em ceninha ou ciúme. Eu não quero me dividir, eu quero multiplicar, eu quero que a outra pessoa cresça comigo, voe comigo. Comigo ou como for, mas não só por mim!
E então eu descubro que da mesma forma que o amor veio ele vai. E que eu consigo desprezar com a mesma força que eu me apaixono.
Então eu desprezo. E eu desprezo com força, desprezo com o corpo todo. Eu caio de cama. Eu choro, eu paro de comer, eu paro de dormir, eu paro de me concentrar em tudo do mundo real e me recolho pra dentro da minha própria cabeça. E no início eu nego. Por que eu sei o que vem em seguida. Eu brigo, eu contenho. Depois eu solto, eu sorrio, eu aceito, eu canto, eu danço, eu festejo. E acabo sozinha.



16/08/2015

Time to prune

Notar minha pele aquecendo vagarosamente até ser tomada por chamas e sentir minha nuca se arrepiar em ondas ritmadas. Dançar no que parece ser uma eterna melodia de pequenos significados. Jogar, jogar, jogar, jogar e jogar no papel de tola, e, mesmo sabendo o meu lugar, aceitar o fluxo infinito de troca de olhares que me levam... aonde?
Ouvir no fundo da minha mente um despertar, sutil, lento. Um tremor que estende sua mão macia e densa e roça seus dedos pela minha espinha acima... 



Pra apertar forte o meu pescoço e me despertar da ilusão de ser desejada.

ISSO NÃO É UM JOGO.
ESSE NÃO É TEU LUGAR.
ESSA SENSAÇÃO NÃO É REAL.





W A K E U P


13/08/2015

Call me River

Eu tive medo por tempo demais, de nunca mudar. De continuar sofrendo por amor, de chorar todas as lágrimas possíveis numa tentativa vã de drenar todo o sentimento de dentro mim, mas [estranho] não é isso que acontece, não mais.
Preciso dizer que aprendi de uma maneira muito sutil a controlar meu pior instinto de possessão. Em tempo: eu achei que eu nunca mais me apaixonaria, que nunca mais conseguiria sentir todas as sensações que me eram tão familiares, que me tiravam o ar e a fome, que mexiam com a minha cabeça de uma maneira profunda e sintomática. Mas aqui estou eu, viva e respirando, aprendendo a domar todos os sintomas, aprendendo a senti-los e a ignorá-los de maneira adequada.
Adequado. Nunca achei que poderia usar essa palavra pra descrever os sentimentos em mim, mas é isso que parece. Adequado. Controlado. Objetivo. Derrubar meus sorrisos em pequenas gotas contidas, segurar minhas lágrimas o suficiente pra não me causar desgosto, mas deixá-las sair quando me pesam demais. E pesam, porque toda mudança exige dor e energia, mas eu não me importo.
E toda mudança que exige alguma dose de dedicação vem como epifanias diárias: é quase impossível agora pensar que algum dia eu vou entrar em um relacionamento de novo; ele não vai ser feliz comigo, eu não vou ser feliz com ele; eu aprendi a exigir menos, mas isso não significa que eu esteja preparada pro que estaria prestes a vir; o mínimo desejo de possuir aos poucos extinguiria o pouco respeito que eu tenho por mim mesma; eu não vou me tornar uma intrusa; eu não preciso de alguém dizendo que me ama; eu tampouco acho que ele precise também; eu vou sobreviver, ninguém nunca morreu por causa disso; eu não vou me afastar; eu não vou embora; eu vou ser sincera com meus sentimentos;
Eu vou ser sincera com meus sentimentos mesmo que eles não me sirvam de nada agora. Mesmo que eles me arrastem a um beco sem saída, mesmo que eu saiba que existe uma dúzia de razões pra me sentir levemente rejeitada. As pessoas amam diferente, e é engraçado aprender só agora sobre isso. O mesmo tipo de amor (chame-se respeito ou o que for) que ele [nutre] por mim nunca poderia virar outra coisa, nem preencher o vazio que eu sinto toda a noite. Mas eu não sofro com isso, deus sabe que eu não sofro. Que apesar do meu corpo tentar me fazer acreditar que é do toque dele que eu preciso, eu não sofro. Eu rio. Eu acho tudo muito engraçado.
O mínimo que eu exijo de mim agora é não sofrer. E é tão bom que eu quase não me culpo por nada. É tão bom que eu realmente só me deixo levar pra onde quer que seja.
Toda a minha solidão, toda a falta que eu sinto de tudo, todo o meu desespero, toda a minha depressão e loucura, a minha falta de centro, toda a minha visceralidade e falta de lugar no mundo, ele me ajuda a superar. E esse é o máximo que eu me permito chegar perto dele.


12/02/2015

Oh, you know it is frightening

Transformar-me de dentro pra fora: vomitar minhas víceras, me tornar fraca pra me tornar forte. Respirar fundo e entender que as coisas só acontecem quando devem acontecer.
E que não há força mental que altere o tempo e a maneira em que ele deve existir.
E eu posso contruir castelos de cartas, viajar a outros lugares, tomar minhas coisas e amarrá-las às minhas costas pronta pra ir embora... e nada pode acontecer.


E ta tudo bem (?)


06/02/2015

That's what I told you

Do you remember that?

"Sometimes I think I have felt everything I'm ever gonna feel.
And from here on out, I'm not gonna feel anything new.
Just lesser versions of what I've already felt."

And then... It's there, in the movie. I'm listening to this beautiful soundtrack with all this amazing piano pieces, thinking of everything that makes us humans; thinking the way I feel about telling you all the obvious things. Isn't that obvious too?
I'm here, losing myself away, falling apart, thinking of relationships and loneliness. I'm empty. I'm old. I'm overthinking, I'm overtired, I'm...


Am. I. not?


25/01/2015

Let me burn

I listen her soft steps on a endless stair... It's driving me crazy for the shape of her legs, looking almost outrageous from the beginning to the end. I feel the scent of her perfume mixed to sweat and cigarettes. She's a hot mess.
Her eyes tell me that she had been fucking for the last couple hours... Oh, it's not a shame, neither is a thing that she is hiding. Sometimes I just think she likes when somebody notice it. I like her curves, I like it even more when she's dancing, Yes, those beautiful arms, those delicate hands and her hips... slowly drawing shapes through the air. Sometimes [but just sometimes] I would like to stop the time and dance with her, kiss her neck line, feel the taste of her last drink in my mouth. Desirable, yes, look to her red hair burning when the spotlight hits her... Everything ignite...


And my heart...
...turn into ashes.

21/01/2015

Isso é sobre o espaço e sobre os relacionamentos...

...(e tudo aquilo que eu desperdicei).

Faz tempo que eu quero escrever sobre espaço. Sobre a necessidade dele. Sobre o espaço que as pessoas precisam ter, sobre a espessura do ar que é necessário para que uma presença não esteja lhe invadindo mais do que o mínimo para se sentir incomodado.
O espaço é necessário.
O ar é necessário.

Também é necessário entender que na verdade esse ar que eu respiro com gosto de solidão é só uma desculpa pra pensar que isso [a solidão] acontece porque eu quero.






...e muito embora eu saiba que todo mundo no final morre sozinho, parece que eu nunca vou saber o que fazer com todo esse espaço.