18/06/2008

Dull Flame of desire

Olhei a hora no relógio ao lado da minha cama. Uma e quinze da tarde. Preciso levantar.
E agora? O que há de errado? As coisas estão da forma como você queria que estivessem, não estão? NÃO ESTÃO? Por que isso agora? POR QUE?
A tentação bateu à porta.
Uma doce e suculenta maçã vermelha, tatuada nas costas macias de uma jovem que passou por mim e mal me disse "Olá".
E o perfume dela ficou lá, pra me lembrar de como eu posso ser estúpida e agir por instinto às vezes. Aquele perfume velho conhecido do perigo, do proibido, do denso.
"Like a poison, like an addiction, like me..." ela me sussurou próximo ao ouvido e eu não quis ouvir. Eu apertei os olhos pra chorar, mas não chorei não sei porquê. Eu apenas queria sentir aquela dor macia entre os lábios, a dor morna, lancinante, que me apertou de vez contra seu seio, lá dentro, em mim.
Algumas horas depois eu estava lá de volta, no meu quarto, sozinha, esperando que alguma coisa na atmosfera mudasse. Que alguém me atirasse na cara o que eu não havia coragem de me dizer ao espelho. Alguém pra me puxar pelo braço, pra me sacudir, pra perguntar qual era a minha, pra simplesmente dizer que eu estava errada e que vermelho não era a minha cor favorita coisíssima nenhuma.
"Diz que me ama... Não precisa ser verdade."
Eu devia me atirar de uma ponte ou coisa parecida.