12/09/2015

Anywhere is better than here

Me lembro que já tive essa sensação antes, a sensação de ter sido enganada pelo próprio corpo. A sensação de ter sido traída por coisas que estavam só na minha cabeça. Lembro de já ter acordado assim outras vezes, confusa e perdida, sem saber onde estava ou por que estava ali.
Lembro de mais de uma vez tentar abandonar meus sentimentos e senti-los mais frágeis do que eu gostaria. Eu me enganei, mais uma vez? O que há de errado? Quanto existe de verdade em dizer que eu não criei expectativa alguma? Sobre nada? Nem sobre mim mesma? Quanto existe de verdade em dizer que eu não me importava com nada que não fosse puramente o instante?
Mas a questão é que agora eu me sinto vazia e quebrada de novo. Violada. Exposta. Não por não ter tido minhas expectativas alimentadas, mas porque meu corpo me abandona de novo. Meu corpo falha em me manter crente nas sua própria capacidade de sobreviver em sociedade.Todas as boas sensações que eu nutri, todo o prazer que eu tentei manter fluindo dentro do meu peito parece ter ido embora. Como se nunca tivesse existido. O quão amarga pode ser essa sensação de falha? O quão profundo pode ser a sensação de puro fracasso? O quão patético parece tudo isso?
E eu tento fugir. Eu fujo. Corro. Corro como se a minha vida dependesse disso. Sinto o chão tremer e se partir quando meus pés tocam a terra. E os meus passos nunca estiveram tão pesados e rápidos. Sinto minhas pernas sendo usadas no limite. Fixo meus olhos num ponto no horizonte e sinto lágrimas que secam antes de cair. Sinto meu peito pegando fogo. E eu não me importo. Eu só quero que a sensação de vazio desapareça.
O pensamento que cruza minha mente é: por quanto tempo mais?


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