21/11/2008

Cinco da manhã

"Ajuda-me a morrer devagarinho. Como se eu fosse só um peixe a resvalar de dentro da boca da água. Sem rasto e sem memória.
Ajuda-me a morrer devagarinho antes de mim. Antes de todas as coisas ficarem pelo chão. Tira-me a pele para eu não sentir. Sorve-me o último neurónio para eu nunca mais pensar se dói ou já doeu, se não dói ou vai doer.
Abre uma fenda ou um risco, qualquer coisa em mim, não importa. Qualquer coisa por onde se esvaia tudo aquilo que aqui está e ainda me cansa. Pode ser um lastro, um golpe, pode ser tudo mas não pode ser nada! E, sobretudo, (sobretudo!) leva embora tudo o que eu tenho de diferente, todas as coisas especiais que nunca pedi para ser, todas as coisas que me separam ou me ardem. Ajuda-me a morrer devagarinho, por favor.
Porque só tu tens o segredo da exacta porção que me leva embora a vida e tudo o mais que se possa parecer com ela".

Mesmo que nenhuma palavra saia da minha boca, ainda acordo completando a frase.
Sorrio nos meus sonhos e te tenho em mim, como uma parte pulsante.
Meu pai, meu irmão, meu-melhor amigo. Meu amor.



Amo-te, enfim.

27/10/2008

Devaneio Sincero


Sinceramente, como há muito tempo não o faço, esforço-me a cada dia pra levantar e seguir em frente sem olhar pra trás. Imagino, sonho e então realizo, mas algumas coisas ainda se perdem em devaneios que tento esquecer.
Lições. Alguma coisa eu aprendo, de toda a forma que me apresenta, mas me perco em alguma esquina, sozinha, tentando apenas... seguir em frente?
Nada mais me prende? Talvez um abraço apertado de quem não mais via há tempos, de um amigo, distante, meu amor, um irmão. Talvez um olhar desgarrado no meio da multidão que me faça sentir diferente, amada uma e apenas uma vez? Talvez voltar a ser inocente e fingir apenas o suficiente para que pareça real, me permitir ser livre e tocar as estrelas mais uma vez.
Às vezes penso que nada disso faz sentido e quem eu penso que me agrada, vira as costas pra mim (porque eu virei as minhas primeiro). Milhares de papéis passam pelas minhas mãos todos os dias, com palavras que desconheço, de pessoas que nunca vi diante dos meus olhos, e mesmo tudo isso se desfaz quando fecho os olhos e sonho acordada.
Quem mudou? O mundo ou eu?
Muito tempo que não tenho sonhos bons. Saudade de quando era mais fácil simplificar a vida.

21/09/2008


Tranco a porta da sala às três da manhã, dia sim e dia não, porque ele dormiu demais e se atrasou. Vou até o quarto e sinto que o tempo passou rápido de mais, mas isso eu sinto todos os dias. Prefiro ficar quieta, fingir que não vi ou simplesmente ignorar o fato. Façam de conta que eu sou uma mulher agora.

Meninas choram, mulheres fazem. Não me sou o luxo de ter medo, não mais. E quem me conheçeu há um tempo atrás tem uma ponta de surpesa ao me ver.

Tenho tido mais pesadelos, menos sonhos e mais problemas, afinal, quem não tem?

Sinto falta de muitas coisa, mas quem não sente?

Dói?

Sim, muito, mas "não era isso que você queria?", ter alguém que lhe proteja até de você mesma?

Se deitar na cama e ela não estar mais vazia?


Vazia...


Claro, é a cama que estava vazia... Era só ela...

"E agora, que a cama não está mais vazia...?"










Agora, eu rio pra não chorar.

09/08/2008

...

Eu tenho fome de gente. Eu tenho fome de carne, de pele, de hálito, de cheiro.
Eu tenho sede de dor, de desapego, de tudo o que eu tomo e largo, de mim mesma.
Eu sou faminta de sonho, de aventura, de desconhecido, de medo, de fantasia, de salto alto, de cintura desenhada, de maxilar definido.
Eu provoco, eu insinuo, eu fantasio. Eu tenho fome de sensualidade.
Eu amo e me entrego. Pego e deixo. Coloco aquela roupa, pinto os lábios de vermelho, ponho aquele sapato... Pra quê?

Eu tenho desejo.
Eu sou uma mulher, ora bolas! Onde está a sensualidade? Onde está a sutileza de um toque de provocação?

Eu nunca mais vou ter nada disso?

01/07/2008

Ana


Ana, vestida com todas as quinquilharias do meu velho baú de lembranças, tomou conta da minha festa de casamento.

Dançava como se o demônio beijasse a parte interna de suas coxas e rodava ao som de um tambor incediando o chão onde pisava com os pés descalços.

As mulheres queriam tomá-la do meio da roda e seus olhos flamejavam de ira, eu sentia. Os homens também queriam tomá-la, mas de outro jeito. A maneira com que ela sorria com seus dentes de pérola e se contorcia em torno do próprio corpo cheio de curvas... Que devassa! A devassa com que sonhei durante todo esse tempo estava lá, mais uma vez, pra me mostrar como ela podia ter o que quisesse.

Eu, olhando de fora, debaixo da chuva fina, escorada a uma árvore, apenas acompanhava toda aquela sensualidade de longe. Ana podia ter o que quisesse e eu não podia fazer nada, eu era só uma garota perto dela, um ponto branco perto à uma pérola de luz.

Ana pegou um copo de vinho e com as mãos tapadas de terra, derramou o copo inteiro sobre os seios. O vestido pareceu gostar. Grudou-se à pele quente dela querendo fazer parte de todo aquele espetáculo e moldou-se aos passos daquela dança pervertida. Meu corpo também era qunte e eu me senti ruborizar. Os pingos de chuva grudaram meu vestido ao meu corpo também e por um momento eu quis estar lá, de olhos fechados, dançando vulgar, me sentindo uma mulher livre com ela. Eu desejei ter o gosto daquele vinho só mais uma vez.

Minha mãe chorava. E exceto a música, marcado pelos passos da Ana, todo o resto era silêncio.



Ana gargalhava histérica e vulgar. Eu mal respirava.
E decidi naquele momento que não queria mais ser a noiva.

18/06/2008

Dull Flame of desire

Olhei a hora no relógio ao lado da minha cama. Uma e quinze da tarde. Preciso levantar.
E agora? O que há de errado? As coisas estão da forma como você queria que estivessem, não estão? NÃO ESTÃO? Por que isso agora? POR QUE?
A tentação bateu à porta.
Uma doce e suculenta maçã vermelha, tatuada nas costas macias de uma jovem que passou por mim e mal me disse "Olá".
E o perfume dela ficou lá, pra me lembrar de como eu posso ser estúpida e agir por instinto às vezes. Aquele perfume velho conhecido do perigo, do proibido, do denso.
"Like a poison, like an addiction, like me..." ela me sussurou próximo ao ouvido e eu não quis ouvir. Eu apertei os olhos pra chorar, mas não chorei não sei porquê. Eu apenas queria sentir aquela dor macia entre os lábios, a dor morna, lancinante, que me apertou de vez contra seu seio, lá dentro, em mim.
Algumas horas depois eu estava lá de volta, no meu quarto, sozinha, esperando que alguma coisa na atmosfera mudasse. Que alguém me atirasse na cara o que eu não havia coragem de me dizer ao espelho. Alguém pra me puxar pelo braço, pra me sacudir, pra perguntar qual era a minha, pra simplesmente dizer que eu estava errada e que vermelho não era a minha cor favorita coisíssima nenhuma.
"Diz que me ama... Não precisa ser verdade."
Eu devia me atirar de uma ponte ou coisa parecida.

16/05/2008

Esse, meu mais delicado Silêncio...

Lucine levantou-se da cama no meio da madrugada fria e com os pés descalços tocou o chão de pedra. Abriu muito os olhos na escuridão e tateou os cigarros e o esqueiro embaixo de seu travesseiro. Acendeu mecanicamente o cigarro, fazendo com que uma luz morna iluminasse seu rosto molhado de lágrimas, olhos brilhantes em um rosto vazio. Não sentia mais tristeza ou angústia, apenas uma voz lhe susurando "Livre-se dela".
Ergueu-se, abriu o guarda-roupa e retirou de lá uma caixa forrada de um tecido macio e multicolorido. "Boas lembranças", esboçou um sorriso que beirava o deboche. De dentro dela, retirou algumas cartas e fotos e se dirigiu até a rua gelada.

Nevava lá fora e ela era uma sombra vestida de negro diante à imensidão branca e úmida da noite. Parou-se aos pés de uma velha árvore seca, ajoelhou-se como em uma prece, e com as mãos nuas, começou a cavar devagar.

Ao não mais sentir a ponta dos dedos, achou o que procurava, o solo macio, úmido, fresco, a amada mãe terra. Cavou mais fundo até que entrasse quase todo o seu braço naquela fossa escura e depositou ali, todas as suas lembranças.

Fechou os olhos, acendeu outro cigarro, encostou-se no tronco forte da árvore e voltou-se para prestar atenção em todas as palavras que a voz sussurrava.


"Livre-se de tudo. Livre-se de cada parte dela. Não deixe restar nada, nem um resíduo, nem uma lembrança. Um simples cheiro é a semente de todo o mau. Concentre-se, seja forte. Livre-se dela."


Lucine pegou a garrafa de gasolina e depositou a metade do conteúdo no buraco, sobre as fotos, sobre as cartas. Vagarosamente deu uma última olhada em todas elas e derramou a última lágrima. Acendeu um fósforo e, como se parecesse um acidente, derrubou-o no buraco. Imediatamente uma labareda amarelo-alaranjada tomou os papéis com um forte calor e Lucine ficou ali, terminando seu cigarro enquanto tudo queimava vorazmente.

Em poucos minutos, tudo era brasa morna, que logo foi coberto de terra e neve molhada, pra ser esquecida em meio ao inverno rigoroso.


A moça de cabelos curtos resolveu ir pra casa. A voz nunca mais iria dar-lhe conselho nenhum, mas ao passar perto da ponte que levava-a à sua casa, ela a ouviu novamente.


"Leve-a embora, mate-a, livre-se de cada simples lembrança dela".


Então Lucine, em um lapso de verdade absoluta, sentiu-se impregnada daquele cheiro, daquelas palavras, daquele pedaço de lembrança. Nem todo o fogo do mundo extinguiria aquilo que se instalara na sua própria pele, em cada poro, em cada fio de cabelo, em cada olhar ou idéia. Nada a fazia lembrar... Ela era a própria lembrança.


Subiu no parapeito da ponte alta, encheu seus pulmões cinza daquele ar congelado, abriu os braços e voôu. Voôu para a correntesa escura e fria da água, voôu segura da verdade que tomava conta dela, voôu de olhos fechados para nunca mais abri-los de novo.

13/04/2008

Como um Oceano

Salgado é o sabor das minhas lágrimas noturnas, silenciosas, imperceptíveis. O soluçar que estremece o corpo, não mais altera a respiração. Pego pra mim os braços alheios e me encolho neles.
-Me aperta...
E uma lágrima quente escorre até meu travesseiro cor-de-rosa. Os braços adormecidos me envolvem em um casulo morno, me apertando até que eu prenda a respiração... Sinto meu coração diminuir, enfraquecer, quase parar... Eu sou uma criança nos braços daquele que me escolheu. Ele nem nota que eu diminuí tanto que, em pé, eu sequer toco a altura de seus joelhos. Eu sou pequena em mim. Eu susurro tão baixo que ele quase não ouve.
-Me aperta mais...
Dentro dessas palavras se escondiam muitas outras. Um senso etéreo, um toque mágico. Eu queria chorar ali pra sempre nos braços dele, adormecido. Todas as minhas palavras sussurravam no ouvido dele os meus maiores desejos... De dor, de coragem, de medo. Atrás de mim, rouca, uma voz indaga:
-Porque tu quer tanto que eu te aperte?
Imediatamente meu interior desabafou a resposta. "Me protege... Me tira daqui, me leva contigo, me arranca dessa cama arrumada e morna, me mostra como é amar sem depender, sem sofrer, sem ser sozinha, me defende de mim mesma... Por favor, me faz segura!"
Mas eu continuei ali, soluçando, pequena como uma criança, esperando e esperando, pela final intimidade, pelo toque frio da realidade no rosto e nada aconteceu. Ele voltou ao seu sono. E eu à minha doce e fingida força de adulta, até a hora em que ele foi embora, pra voltar sabe-se lá quando.

Tomei minhas pílulas, fui uma boa garota, entendi o sentido da vida.
Mas continuo esperando por deitar novamente naquele meu casulo vivo, intocável, dormente, que em contos de fadas me protegeria contra os espíritos da noite.


Meu pensamento é de que bem lá no fundo, eu permaneço esperando pela bendita intimidade sem segunda intenção e que ninguém mais poderá dar-me isso. A intimidade inocente e inebriante dos anjos.





Somos sozinhas, meu amor,
ninguém nos lê além de nós mesmas.

28/03/2008

Alles wieder

Tudo em mim canta,
eu abro os braços, tomo ar e sinto...



Sinto como se em mim houvessem mil borboletas voando livremente, fazendo cócegas na minha pele transparente, fina.
Em mim, o amor, um doce respirar e a aproximação de uma verdade absoluta, coerente, segura. Uma verdade que eu busquei em todos os lugares, mas só achei aqui, em mim, no fundo da minha mente quieta.


Tudo em mim dança,
eu ergo os braços e me deixo levar...


Dentro do meu coração apertado ainda há uma última gota de sangue, um último gosto de mel, uma última célula viva... E é como se ela tornasse tão volátil que preenchesse todo o meu corpo. Como se ela se fizesse presente em mim, viva, latejante. Um resto de coragem, um frio no estômago, algo que me impede de olhar para trás com angústia.
Em mim, o doce som de um profundo oceano, o amargo gosto do vício.

Eu, o seu vício.

O toque que cura e fere, que acalma e que agita... Todo o triunfo do dualismo, toda a bondade e a maldade... Com todo o meu entusiasmo inocente, com toda a minha vontade de ser mais... Tout nouveau.

18/01/2008

Te presenteio com o que há de melhor e pior em mim, me transfiguro primeiro em verde, depois em púrpura e então em vermelho. No final das contas, embaixo da capa negra, nada mais há do que o cinza. Aquele cinza dos dias nublados, aquele cinza dos dias chatos.
Tudo o que eu quero ser, ri de mim quando me olho no espelho e o que eu vejo no espelho nada mais é do que todos os lábios do mundo virados pra cima em um sorriso de escárnio. Chuto a sua cara, escrevo coisas desimportantes e incoerentes, tiro sempre as mesmas fotos, falo sempre as mesmas coisas, tenho sempre as mesmas esperanças.
Se eu abro a porta da casa e cato os gatos da rua, você se importa? Se os coloco todos em cima da minha cama e durmo no chão, você se importa?
Se eu amo desorientadamente e as pessoas me fazem pensar sobre o que realmente eu quero (ou não), ou sobre as certezas que eu tenho (ou não) e que parte de mim não passou do papel ou não saiu de uma realidade que eu senti e só, eu me importo?
Se todas as respostas do universo se deparassem com todas as minhas perguntas, eu viraria as costas e iria embora. Eu não quero mais resposta nenhuma.
Eu não sou um pseudo-ídolo maldito vindo do inferno. Eu nunca disse que seria fácil, eu nunca tive certeza de nada. Eu não sei andar sobre um terreno de pedras escorregadias. Eu não sou estável. Eu não nasci pra ser uma boneca. Eu nasci pra ser ninguém em meio a outros ninguéns tão insignificantes quanto eu.
Desabafo sobre um monte de merda, tiro as conclusões e pareço que nunca vou crescer. Tenho medo de pessoas mais velhas do que eu. Tenho medo de pessoas da minha idade. Eu quero parar no tempo.





Eu não quero mais parecer uma barbie idiota e decadente.
"Ela sempre foi tudo o que eu quis ser um dia.
E talvez, eu ainda queira."

14/01/2008

Azul Profundo


Ele me levou até a praia, onde de longe eu já sentia o cheiro do sal. Eu não entendia como algo podia fazer um barulho tão alto e que podia ser ouvido de tão longe.

- Falta muito vô?

- Não minha filha, a gente tá perto.

Quando colocamos os pés na areia morna e branca da praia, imediatamente eu quis tirar os chinelos. Deixei de lado minhas pequenas sandálias cor-de-rosa e tentei divisar aquele gigante à minha frente. Meu avô olhava o horizonte, orgulhoso do presente que me dera.

- Esse é o mar. O mar tem vida própria, espaço próprio, música própria. Ele não têm limites, ele gosta de brincar de ser infinito. Eu vivi minha vida toda me servindo dele, ele me foi generoso. Agora que o meu fim está próximo, esse é meu presente pra ti. Ele necessita respeito. É um patrão temperamental.

Eu, do alto dos meus seis anos, mal acreditava no que estava vendo. Aquele monstro azulado, rugindo pra mim, andando de um lado para o outro como um tigre na jaula, por vezes vinha molhar meus pés, alisando minha pele. De uma ferocidade tão grande, como era possível dobrar-se à um humano, dando-lhe o sustento de uma vida inteira, sem nunca cansar-se disso?

- O mar, minha filha, gosta de ser temido. O mar não é amigo de quem não tem medo dele. As águas que você vê aqui, são as mesmas que já estavam aqui quando eu tinha a sua idade, e quando o avô do meu avô era criança. O mar é velho. Um velho esperto e que sabe recompensar quem o agrada. O mar cobra seu preço.

- Mas vô... Pra onde vai toda essa àgua?

Ele fez uma pausa, se agachou do meu lado, me beijou o rosto e sorriu.

- Eu não sei minha filha, eu não sei. Talvez desemboque em um mar ainda maior, ainda mais feroz e gelado, talvez em uma pequena lagoa salgada, talvez do outro lado do mundo, onde as águas são inférteis. Quando você for mais velha, promete que descobre pra onde ele vai?

Eu acenei positivamente com a cabeça. Quase me imaginei vestida de pirata.

Meu avô me levou de volta pra casa, me enchendo de histórias da sua juventude. Me contou sobre as tempestades que enfrentou sozinho à bordo do Corcel Negro, seu barco mais fiel. Me contou dos peixes gigantes, das sereias.

No fim do dia, preparou um jantar e me pôs pra dormir. Das frestas da persiana eu o vi sair em direção à praia, resignado.




Naquela noite, o mar cobrou seu preço.
Naquela noite, as sereias cantaram mais alto.

03/01/2008

Viagem ao Novo Mundo (Perfume de Oceano)

Eu páro na escada, hesitante, deço sem fazer barulho.
Você me vê?
Disse que me observa faz tempo, como eu pude te deixar distante dos meus olhos tão dispersos?
Você nem me olha, distante nos assuntos ao ouvido. Doce oriental, modernidades à parte, vestida de vermelho, sempre gosta dos de alma azul.

Eu vi o nascer do sol ao seu lado, tão desconhecida, tão marcante. Eu consigo não parecer ingênua ao seus pés, libriana?
Vinda de um acaso tão chocante, tão brilhante, tão passageiro. Piscou forte na minha janela empoeirada, me cegou e foi embora tão rápido quanto apareceu. Eu sei o nome do jardim onde você mora, minha pequena flor selvagem? Eu sei seu nome?

Uma criança como eu.
Um destino como o meu.
Tudo o que eu sei... Peter Pam.