06/06/2018

The Riddle of the Sphinx



This is about the urge to belong, the urge to have means to talk about what I might be feeling.
This is about the emotional breakdown I had a couple days ago, when all I could think was I wasn't able to fall in love anymore.

My friends were asleep, I was drunk and upset, cause I knew all the reasons, all the answers, all the questions, but I couldn't stop feeling something inside of me was broke into little, pitiful pieces. And all I could hear was the mourning cry of my old self, trying to figure out what to do. I thought I was too impaired to care about another being, to look after him/her, to find myself letting my heart race and do nothing but to long after things I don't know for sure, not again, not ever. The ideia of a connection seemed so far away from me, a tired idea, a dead possibility. All I could do was mourn, mourn about this death,  mourn about the things I wouldn't be able to do anymore, without this kind of connection, without the lost possibility of it.

But then I felt this slightly change in the wind, a primitive call, something emerged from inside the very nature of chaos. A bliding flare, a delicate touch, a soft hand in my face, gliding it's fingers through my lips, making me close my eyes, embracing my waist, heating my chest. A clever move of language, a blind rapport, eyes who see me in the same level, a tricky game, a mazelike grip, a lure to my eagerness. My body and mind being allured by the possibility of being more than just a person, beign a lush beast, savage, untamed, lascivious, grotesque, bigger than life itself, bigger than the distant possibility of control.

The raw nature of the beautiful chimera, looking into my eyes and asking for permission, asking for my hands, my heart, my tired soul, promissing me an endless road to race, a bonfire to burn myself and a place to rest my doubts.

It sounds like a pulse towards destruction, towards a pile of chewed bones, a run towards the possibility of a new way to bury the sane part of me, and to scream nobody really owns my essence. A new possibility to screw everything up and take resposibility for other's persons hearts just because I'm bored and I want to know if I can do it.

Am I horny for the broken ideas? Do I crave for the trouble of being attached to a monstruous and fragile thing like this? A thing bigger than me, something I couldn't tame, sounding almost like a challenge, telling me all the things I could have, but showing me nothing about the price I'll have to pay for being devoured by such creature.

Am I digging holes in other's chests just for fun? Do I think this is some kind of universe's funny joke? A story to tell, a deep narrative that helps me sell how wild I am?


26/04/2018

Under the Silence

Meu silêncio parece prenunciar muitas coisas. Eu sei que alguma coisa está para acontecer quando o silêncio envolve algo, como um véu de ilusão ou uma fina película com muitos significados.

O silêncio é, dentro do ciclo do ouroboros e das coisas palpáveis, um prenúncio de tempestade.

Aqui, no entanto, sempre parece começar a ficar barulhento. Parece que há uma necessidade das palavras, de tornar o abstrato real, uma marca no mundo, nem que seja momentânea, mas que há de se tornar registro. Aqui ou no mundo, as palavras precisam existir.
Sempre parece haver um espaço de silêncio e um espaço de fala, muito distinguíveis entre si. Aqui, quando o silêncio impera, as palavras tomam forma no mundo real. Por outro lado, meu silêncio do mundo real parece precisar derrubar todas as suas palavras em outro lugar. Uma caixa, um papel, poesia barata, um livro pelo qual suspirar. Aqui.

O que há para se aprender sobre isso? Sobre as palavras e os registros, sobre como isso é significante da minha estrada ou sobre o valor que eu carrego em mim sobre tudo isso?

24/04/2018

The room is a lie


Meu melhor eu me trata com alguma dose de indiferença e não esconde mais o quanto está insensível aos meus rompantes de descontrole.
Olha pra mim meio de cima, com algum dó que faz questão de me mostrar, e suspira profundamente enquanto percebo evidentemente a curvatura acentuada das suas costas cansadas. Passa a mão nos cabelos e olha pra fora, além da janela, além de mim, além da própria vida e parece suspirar em busca de alguma resposta pra me dar, mesmo eu não tendo feito nenhuma pergunta. Parece que a qualquer momento vai irromper em palavras baixas, mas só suspira e torce o canto direito da boca.
Meu melhor eu está cansado do meu pior eu e de todos os outros, mas não ousa falar mais nada e tem medo de todo o resto.
Meu pior eu está naturalmente jogado no chão, numa crise infinita de lágrimas abundantes e salgadas e ameaça se afogar no mar do desespero ou na poça de lama mais próxima. Poucos são ainda os que dão ouvidos a ele, que aprendeu em algum momento que não adianta prenunciar nada que não se esteja de corpo e alma disposto a fazê-lo. Meu pior eu fica numa sala isolada dos olhos, mas próximo demais de todos os meus ouvidos.
Enquanto isso meu eu razoável senta-se em frente à escrivaninha e observa os milhares de planos, coça uma das vinte testas, faz riscos ininteligíveis sobre as pilhas de papéis sobre a mesa. Suspira de vez em quando e só faz intervalos pra tomar água e pegar alguns minutos de sol por dia porque ouviu dizer que faz bem.
E eu me encontro aqui novamente, num espaço muito curto do tempo, o lugar retornável no ouroboros, estaca zero, vazio e cheio ao mesmo tempo. Daqui eu observo as pedras no caminho e elas me observam. E daqui eu penso se ainda estou no momento de decidir coisas ou de deixar me levar até o limite mais uma vez. Se ainda há qualquer necessidade de esperar a porta do quarto abrir para que o choro lá dentro se torne real ou se eu posso só seguir não nomeando as coisas até que elas tomem nomes para si.

Vejo relâmpagos no horizonte, mas não ouso abrir o guarda-chuva enquanto não ouvir os trovões com a ameaça de atrair a chuva antes mesmo que ela se torne real. No entanto, temo permanecer aqui com a ameaça de ser levada novamente pela tormenta. Meu melhor eu me observa e aguarda, há de me tirar mais uma vez do afogamento ou me deixar afundar de vez.

17/01/2018

Breathe in, breathe out



eu sou abençoada e amaldiçoada com um cérebro muito fértil
aqui, tudo que planta, cresce
cola os galhos no teto
penetra com força o solo, às vezes com pressa e desajeitado, às vezes sutil e profundamente
essa mente intrincada nunca parece estar em silêncio
chia, vibra, fervilha, se move, se debate, sempre funcional, sempre produzindo, nunca estática, nunca cansada, sempre rítmica, sempre notável
em geral é fácil se perder nela
há tanta coisa acontecendo, que não parece nunca difícil definir os limites da diferença entre o que há aqui e o que há lá fora
nesses momentos eu me isolo de maneira inevitável, surda e confusa, hipnotizada pelas quinquilharias que eu carrego aqui, perdida entre coisas que eu não consigo nomear, porque o barulho nunca para

no entanto, há momentos de pura beleza em que há uma ponte entre o interno e o externo
em que eu consigo estender os braços pra fora
em que eu consigo tocar e ser tocada
em que uma brisa e uma luz bem-vinda invade essa caverna
em que há o reconhecimento de algo além dessas paredes
em que há o vislumbre palpável de outra possibilidade tão além de mim, mas tão perto

nesse momento todas as coisas parecem tomar um sentido e ser tomado por ele
uma forma
uma harmonia
uma razão de ser-e-estar
e todos os chiados, todas as vibrações, todo o ruído se torna essencialmente pleno e cheio de si

esse momento de serenidade, de equilíbrio
é tão raro e tão estático, que nada além dele parece fazer sentido porque as ideias de passado e futuro, de atualização do pensamento, parecem irrelevantes
as coisas que estão-e-são parecem estar-e-ser no exato ponto de evolução máximo possível para aquele momento, a cada novo momento
a máxima potência de um pensamento é o presente, que se atualiza para evoluir sempre no presente, natural, racional, sublime

nesse momento, tão raro quanto são as coisas que nos movem de verdade
algo muda, um novo cômodo se forma aqui dentro
uma transformação, uma expansão aberta à força bruta, mas tão natural quanto é o respirar

é aqui que eu me encontro agora

dentro dessa transformação

mas talvez dessa vez tenha acontecido aquele algo inédito novamente
aquele instante em que eu me dou conta da tal verdade absoluta que me toma de maneira resoluta e intensa, permanente e dolorosa (como é toda a transformação)

sobre o amor
tem sido me dito, como uma fórmula, que eu não seria capaz de amar alguém antes de amar a mim mesma
por algum motivo desconhecido, mas muito previsível, eu aceitei isso como algo imutável e invariável
todavia
foi amando outra pessoa que eu descobri que, no simples sentimento de amar, eu dispunha de todas as ferramentas para ceder esse amor a mim mesma; não há nada antes, não há nada depois (nem nunca houve). Dentro do processo de amar, há a verdade absoluta de que eu amo outra pessoa porque eu me amei primeiro, e eu me amo porque eu amei outra pessoa antes disso: uma retroalimentação sem ponto de partida ou ponto final.

Ora
se eu sempre amara com ressalvas, de maneira mesquinha e limitada/limitante, se eu amara toda a vida não somente pelo sentimento do próprio amor, mas por coisas muito irrelevantes enfiadas à força dentro do amor como a arrogância e a possessividade
como eu poderia me amar de maneira diferente?
se um amor pela metade, se um amor desonesto e incompleto, era tudo o que eu dispunha e conhecia?
era amor, sempre foi, mas nunca foi só isso
na falta do amor pleno eu sempre completei as lacunas que eu sentia nele com as coisas que me foram ensinadas como intrínsecas aos sentimentos humanos que se configuravam como complementares. O que eu não via era que eram coisas distintas que na verdade deixavam cada vez mais exposto o quanto aquele amor não era pleno, o quanto eu nunca amara de verdade, pelo próprio amor, pelo amor simples
como eu poderia me amar de maneira diferente?
como?

por outro lado
ao encontrar o amor pleno, não fora de mim, mas dentro de mim, enterrado muito profundamente, dormente e somente mal colocado, mal interpretado, quase desprezado
foi que eu entendi tudo isso
sobre sempre ter me amado, na verdade
mas ter me amado errado
porque o amor errado era o que eu tinha como amor

foi ao encontrar o amor pleno que eu descobri sempre ter tido as ferramentas necessárias para amor próprio, sobre o respeito a mim mesma, sobre amar sem exigência
porque eu me dei conta que o amor é tão somente ser/deixar livre, respeitar, e querer crescer; muito mais além disso, amor é enxergar além do superficial, é entender e aceitar que o que "é", é tão somente um degrau para o que pode ser

aceitar que eu me amo, que eu sempre me amei, só veio depois que eu consegui amar outra pessoa, de forma tão simples e tão completa que pareceu óbvio que isso nunca poderia ter acontecido se eu não tivesse desde sempre amado a mim mesma (mesmo que de maneira errada)
evoluir sentimentos bons é algo absolutamente novo pra mim nesse momento e eu posso dizer que nunca me senti tão completa e tão potencialmente destemida

isso é construir pontes, isso é abrir janelas, destruir paredes, desmontar telhados, chutar grades, derreter correntes, desfazer nós
isso é tocar e ser tocada
isso é ser intersubjetiva no processo mais elementar da subjetividade
isso é liberdade
isso é paz

i s s o é p a z