21/09/2015

play me like a violin

fecho livros que eu não consigo ler
tranco janelas que eu nem tentei abrir
encerro conversas antes mesmo de começa-las
toco nas paredes frias do quarto e penso que é inevitável dar adeus

através de pequenos gestos eu me afasto
mas quanto mais eu tento fugir
mais eu me aproximo
quanto menos eu falo
mais eu digo
quanto menos eu vejo
mais eu enxergo

e é inevitável, amor
que eu sinta que a desistência é um ato necessário
e que todo o vazio é natural
porque ninguém nunca me disse
que eu tinha o direito de me sentir triste e perdida
e sozinha

o que me disseram
é que tudo é luta
e que se algo me dá prazer
é porque também vai me trazer dor

o que me disseram
é que tudo é fuga
e que se algo me da medo
é porque o fundo do oceano ainda está longe de ser alcançado

a insônia vem daqui:
o quanto eu ainda preciso nadar pra tocar no fundo?
em que momento eu me deixo desistir e me afogo de vez?
eu ainda consigo nadar de volta até a superfície?

em que momento eu posso parar de fugir?



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