20/08/2015

É de abrir os olhos que eu tenho medo

Meu coração continua batendo forte momentos antes de eu pegar no sono. Minha cabeça continua rodando mesmo que eu feche os olhos com força. Meu corpo em silêncio se acomoda ao som de uma respiração que não é a minha e se aconchega em uma cama que não é a minha. Eu estranho a claridade da janela e me viro infinitamente na cama; estou sem sono.

Eu entrelaço as pernas na cintura dele e o puxo pra mim enquanto mantenho os olhos fechados no escuro. Sinto seus olhos castanhos olhando pra mim, esperando por um próximo passo. Ele tira uma mecha de cabelo do meu rosto e beija meu pescoço. Roça a barba perto da minha orelha, porque é provável que eu tenha deixado escapar o fato de que eu gostava disso enquanto estava bêbada. Ele não sabe muito o que está fazendo ou esperando. Nem eu, na verdade. É sempre estranho isso pra mim, testar pequenos limites iniciais, começar qualquer movimento que seja. No entanto eu estou lá, atenta ao calor da pele dele entre as minhas pernas; atenta ao meu próprio calor; atenta à minha boca seca e semi-aberta contrastando com meus olhos fechados com força. Eu o abraço, mas ele não retribui. Passo meus dedos pelas costas dele e sinto que tranco a respiração por motivo algum. É medo, o que eu sinto? Eu ainda não sei o que estou esperando dele ou se espero qualquer coisa. Tenho a plena consciência de que eu poderia me deixar ficar aqui pra sempre. Nesse mínimo espaço entre duas pessoas, reside todo o silêncio que eu queria ter pra minha mente. No centro do peito dele, reside toda a certeza de que eu realmente deveria aproveitar o que o momento me reserva; e eu não preciso de nenhuma outra certeza na vida. Meu corpo inteiro vibra. Eu tenho plena certeza de que ele consegue ouvir meu coração batendo rápido demais. Minha mente arrependida me repreende por ter bebido mais do que deveria. Ele mexe no meu cabelo e levanta o meu rosto pra que eu abra os olhos, mas meu encosto os lábios na mão dele e mantenho os olhos fechados. Meus movimentos são inesperadamente lentos, como se eu temesse quebrar algum encanto, como se o menor ruído fosse desfazer tudo em névoa. Ele me puxa pra si.












E eu acordo.

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