10/05/2009

Caos


Eu estava correndo rápido de olhos cerrados, sentindo o calor do sol das 6 horas da tarde queimando meu rosto. Corria mais que os meus pulmões podiam agüentar.
Convulsivamente joguei-me pra frente, porque meu peito não suportava. Coloquei as mãos nos joelhos e ofengante vomitei.
Olhei no chão algumas pétalas amassadas. Tinham vindo de dentro de mim. Eram muito pequenas e finas, de um amarelo vivo. Senti náuseas.
No horizonte eu conseguia ver Juliana rodando ao som de alguma música que eu não entendia, e Pedro colhia flores para ela. Eu me sentia estranha na minha calça-jeans-e-camiseta naquele cenário que não era real. Pela primeira vez, meu sonho lúcido.
Abracei Juliana, porque não queria perdê-la de novo, mas ela parecia não me notar. Era morna e seu hálito lembrava-me eu mesma. Me ajoelhei no chão, ao seus pés descalços e notei que ela estava nua. Tirei minha blusa e a cobri, porque Pedro estava ali e não queria que ele a visse daquela maneira. Ela chorava febril no meu colo.
Olhei seu rosto infantil e tive vontade de beijá-la, mas ela chorava e de seus olhos saiam pétalas. Pequenas pétalas cor-de-rosa de um perfume sem igual. Fechei meu olhos para chorar porque sua beleza me comovia e vê-la chorando era como mil socos no estômago.
Apertei-a com força contra meu seio e a fiz dormir. O tempo não passava.
Pedro se aproximou e deixou aos meus pés um pequeno filhote de pássaro. Estava semi-morto, acho que uma asa quebrada. Os olhos negros de Pedro observavam o pássaro se debater, branco em contraste com e pele caramelo dele.

"Ele vai morrer, não vai?"
"Sim Pedro, ele vai morrer."

E Pedro enterrou-o vivo aos pés de Juliana.
"It's sometimes just like sleeping,
curling up inside my private tortures.
I nestle into pain,
Hug suffering, caress every ache"