23/12/2009


Não, não apóio. Não, não concordo. Tenho medo. Mais do que o suficiente, eu temo.
Acho injusto, pra tantas pessoas, de tantas formas. Acho incerto e tenho uma teoria interessante sobre isso. Talvez a que mais interessante e coesa (em sua loucura) que eu já criei;

Mas então eu estaria lá, com uma caneta esferográfica azul hesitando em minha mão lendo as frases de novo e de novo, porque a metade inteligente de mim teria se ido embora pra não voltar mais. De maneira sarcástica o dia estaria claro e fresco. E as minhas lágrimas manchariam odiavelmente o papel bonito, de caligrafia impecável. E meus olhos sem pálpebras me trariam o terror todo o tempo pelos próximos anos;

Eu teria ido embora, mas pra onde?
Então eu teria corrido à esmo, mas de mim mesma.
E eu iria ao inferno se soubesse que ela estaria lá.



Então, eu que tinha tanto pra falar, acabei por não falar nada.

08/12/2009

Aguaviva


Chego aqui e escrevo ao ar, porque de alguma forma, nessa caverna fria, atravancada com as milhares de coisas que enfio aqui mentalmente quase todos os dias, me sinto mais em casa do que em qualquer outro lugar.
Acendo a fogueira do chão que tento todos os dias não umidecer com suor ou mágoa e fico contemplando a chama arder até o fim. Às vezes só fico ali, horas a fio vendo cada fibra de graveto queimar e me esqueço porque cheguei ali, porque a minima luz dançante me arrebata.
Às vezes tiro a roupa, porque ela me queima ou me arranha. E então me deito no chão e me torno o todo, olhando para o teto de pedra com suas sombras oniscientes, e elas me observam sem avançar. Dançam e se elevam até quase me tocar em um balé que me hipnotiza.
Vejo que tem muitas coisas enfileiradas sem ordem, muitas coisas penduradas toscamente nas paredes, dentro de caixas que não fecham e muitas coisas pela metade. Penso que eu deveria terminá-las ou movê-las de lugar, mas então já é dia e tenho que ir embora.
No outro dia penso a mesma coisa, mas então a ideia não me parece tão tentadora.
Olho para o fundo do poço que ocupa um canto iluminado e ele está vazio. Grito lá dentro e ele não responde. Da harpa que eu joguei la dentro ainda ouço alguns acordes, que ecoam friamente na pedra e me tocam quando estou dormindo.
É claro que isso não teria um fim, ou não seria (m)eu.

Amanhã tenho que mover as minhas coisas de lugar, ou terminá-las.
Talvez eu as jogue no poço porque ouvi dizer que ele não tem fim.

01/11/2009

Alles wieder (2)

Peguei o telefone e pensei em ligar. Também pensei que às 5 horas da manhã eu seria ignorada, mesmo porque à esse horário, talvez, se você atendesse o telefone eu não saberia o que dizer. Cairia num looping de surpresa onde eu sempre desligaria o telefone por impulso ao ouvir sua voz.
Penso que eu deveria dar uma continuação a tudo isso, ou que a continuação seja um fim. Penso que existe no meu subconsciente um vicio de ilusão, como num filme.
Lembrei que eu estava vivendo em uma foto em preto e branco e que quando éramos anjos, o mundo era perfeito e eu sabia que era.
E descobri em uma fração do meu tempo infinito, que toda a minha ínfima força, vem dessas lembranças de coisas que não voltam.

Alles wieder.

SerHumano


Eu e ela, manhã de um sábado qualquer nas ruas de Porto Alegre, paramos para descansar antes de continuarmos a andar sem rumo.
- Acho que isso é mais do que simplesmente um hábito. Acho que é um exercício social. Faz com que a gente se sinta bem. Faz com que algo no nosso estômago reviva aquelas borboletas, sabe quais?
- Sei. As borboletas. Tá.
- Então. Não vejo nada de errado em flertar. Acho saudável.
Talvez eu acreditasse nas palavras dela. Daqueles olhos negros saiam o olhar mais letal que eu já tinha visto. Morri algumas vezes quando eles conseguiam me acertar de cheio sem querer. Ainda não sei se gosto de estar ao lado dela quando ela ativa aquilo, seja lá o que se chama. Era como se algumas cordas amarrassem de leve meus tornozelos e braços, passando por meus dedos e roçassem minha nuca de leve, morno. E então iam apertando, apertando... Até que eu me esquecia de respirar. Uma tontura doce envolvia minha cabeça e eu saia de mim por alguns instantes.
Intimamente eu gostava daquilo. Prender-me por uns instantes nos olhos ônix dela enquanto ela errava o olhar e ele ia parar em mim; Eu podia sentir o gosto forte da pele dela se me demorasse o suficiente.
- Acha mesmo que isso funciona? Quero dizer, lançar toda essa carga sexual encima das pessoas. Isso não é perigoso?
Ela mexia constantemente nos cabelos e passava a mão no pescoço nu. Eu via a pele transparente dela latejar. Tomava um suco de morango artificialmente colorido e perfumado.
- Não, acho que não. Eu não sei se faço de propósito. Eu só sou eu. Claro, é como aquela sensação que todo mundo busca, de estar vivo. As pessoas tem formas diferentes de lidar com o que aparecem. - Ela tomou um longo gole com os lábios rosados na beira do copo. E então lambeu os lábios me atravessando com um longo olhar profundo. E então foi como se eu estivesse nua e um arrepio transcorreu de leve a minha espinha. Minha primeira reação foi querer sair correndo. depois, foi como se eu estivesse caindo, as minhas entranhas correndo desesperadas dentro de mim. Mas então eu voltei pro chão. Foi como se eu estivesse sem órgãos por um instante. Minhas mãos formigaram, e eu pisquei devagar meio fora de mim.
- Por que você está me olhando desse jeito? - Ela me perguntou sustentando o olhar.
Eu percebi então. Toda aquela névoa e aura de mistério tinham sido pra mim.
-Eu? Nada. Não é nada não.

Claro, apenas mais um exercicio social. Eu podia me acostumar com aquilo.

20/08/2009

Teardrop

Beijei castamente seu rosto e seus cabelos enquanto seus olhos lacrimejantes vidravam nos meus, absortos. Ela piscava muito pouco enquanto seguia meus movimentos com o canto dos olhos. Suas sobrancelhas se arqueavam. Acho que ela estava com medo.
Ela fechou os olhos e chorava baixinho enquanto eu lhe cantava alguma cantiga inventava que enchia o quarto e abafava seus lamentos. Eu estava feliz. Ela não iria sofrer mais.
Embalei-a pequena no meu colo, enquanto ela apenas contorcia-se e balbuciava algum lamento abafado entre meus cabelos. Eu disse que entendia, porque queria entender, e chorava, porque a beleza dela me tomava de tal forma que eu perdia o controle sobre o que eu julgava ser verdade ou mentira, ou mesmo as duas ou a minha imaginação fértil.
Em meio às lágrimas, ela me lançou um meio-sorriso tímido, um rabisco de emoção lúcida. Durou um segundo, mas estava lá, seu olhar de trovão fixo em mim e um sorriso obliquo dependurado em uma moldura de olhos chuvosos.
Claro, o tempo parou. Eu parei. E o mundo pareceu girar devagar, como nos filmes.
Eu tive mais um segundo para pensar (ou organiza-los de forma racional) e no próximo eu estava respondendo ao sorriso dela como meu sorriso mais espontaneo-bobo que eu poderia expressar.
Aquele momento escorreria pelas minhas mãos no próximo pensamento, mas eu não o perderia. A partida dela da minha vida não poderia ficar mais na minha memória do que aquele segundo.

Apenas um segundo.
O suficiente para que o meu mundo parasse de girar.

26/07/2009

Blackjack

Nota mental: É claro que Pan não deixaria de vir. Ouço ele cantando e dançando e ruidosamente batendo os cascos no piso do meu quarto propositalmente roxo. Seja bem-vindo, criança.



Não me culpo mais por querer tudo de volta. Mas sei que é uma atitude egoísta querer que as coisas voltem como eram antes, eu mudei, nós mudamos.
Preciso de contato. Preciso saber que estão bem... e bem... achei que essa seria mais uma noite em que eu estaria vigiando o coma pesado da personificação de tudo o que eu prezo... onde ele estaria respirando pesadamente enquanto eu estaria contando seus fracos batimentos cardiacos ao lado da cama asséptica. É claro, eu assinei os papéis para deixá-lo ali, sedado, parado no tempo, mas não consegui. Foi uma atitude responsável, but i don't want this anymore. Not for me.
Quis mover seus dedos, aumentar seus batimentos cardiacos, fazer sentir medo, ódio, angustia, alegria, qualquer coisa... Quis fazê-lo sentir, reagir. Com os meus lábios indecisos beijei o contorno do seu queixo e seus lábios mornos. Ouvi sua respiração pesar vagarosamente, e seus olhos ônix abrirem diretamente na minha direção.
Houve um baque surdo na minha mente. Eu podia movê-las. As montanhas, e eu faria chover nelas. E as flores, eu faria brotá-las do chão e encher o ar com cores.

Eu tive muito medo, um medo primitivo. E ainda sinto que poderia ter perdido vocês dois porque não fui rápida o suficiente, porque fui cega demais, porque acreditei que seria possivel esquecer, mudar minha vida, meu endereço, meu telefone e meu corpo para que ele fosse menos receptivo à coisas que me deixam tão frágil.

Preciso vê-los, preciso provocar a tempestade em mim, preciso provar pra mim mesmo que é possivel. Ou que definitivamente, meses de loucura não valeram de nada. Preciso definir a faixa que determinou o fim (ou o começo de tudo).



Bem... Meu nome é Jéssica. Fiz 21 anos, mas parei de contar intelectualmente quando ainda tinha 17. Trabalho numa multinacional há quase um ano, mas isso pra mim quase não faz diferença. Não faço o que gosto, mas acho que gosto do que eu faço. Coloquei aparelho ortodontico à quase oito meses. Me sinto portando uma armadura medieval dentro da boca.
Fui uma boa menina esses ultimos tempos: comprei um carro, mantive um relacionamento de mais de um ano, chorei o bastante para aprender que esse tipo de coisa só se faz escondido caso não queira chocar as pessoas. Adquiri medo de andar de moto, mas é quase como ir contra meus instintos. Enquanto eu ando é como se eu tivesse 152 pessoas gritando na minha cabeça "Pare a moto agora! você vai se matar!", mas eu aprendi a me divertir com esses avisos.
Não bebo há muito tempo, não lembro qual foi a última vez que fiquei bêbada de verdade. de repente, beber virou algo que eu faço pra voltar no tempo ou simplesmente não me importar com que os outros irão pensar de mim quando me virem chorando. Aliás, eu aprendi a chorar sem fazer careta. Me faz parecer menos dramática.
Eu ainda sou dramática, muito. E agora, quando me canso, eu só fico mais e mais complacente (embora ache que sempre fui assim, agora eu achei um nome pra isso).
Ainda danço pra externar a dor, a tristeza, a frustração... E é como drenar um vulcão.
Tenho feito menos passeios, tenho saido menos. Não me importo de permanecer ao seu lado como mais uma. Temos vidas paralelas, o mundo não parou de girar. Não me importo... Desde que eu esteja lá, não pode doer mais do que já dói ou doeu... Alimentar amor com loucura já foi doloroso bastante pra que durasse tanto mais tempo. Preciso alimentá-lo com fogo.
Todos os dias penso em vocês. São coisas pequenas - Como eu gostaria que eles estivessem aqui comigo; Como eu gostaria que ela visse isso; Como esse lugar seria mais divertido com ele. Ainda amo vocês e a intensidade ainda é a mesma... Afinal o ódio nunca foi o contrário do amor, só um irmão destrutivo...
Sempre tive medo de sentir a indiferença. Em meus pesadelos com vocês, meu maior medo estava lá... Em um dado momento eu não sentia nada e ia embora, como se não conhecesse vocês, totalmente chocada com o que havia acontecido e diversas perguntas vagueavama minha mente: "Por que? Amor? Alegria? Frustração? Medo? Ódio? Alguma coisa? NADA? SIMPLESMENTE NADA?"
Eu ainda vou ser a criança com cabeços dourados, visitando o imaginário de um parque de diversões, mas se me virem de perto ainda estarei esquiva, porque as queimaduras ainda doem e nada volta de uma hora pra outra. Estou consciente de que não somos os mesmos, não por fora.

Não lembro do tom de voz de vocês. Eu lembro do calor das vozes, mas não do tom. It makes me sad.

Eu lembro um dia em que ela foi à minha casa e disse que éramos estranhas uma para a outra, outras pessoas. eu ainda me recuso a não enxergar vocês dentro disso tudo que a gente se tornou. Eu quero lutar, foda-se o mundo, eu quero lutar mais uma vez. Eu quero enlouquecer de vez ou colocar tudo no lugar, meu Deus, como eu quero!

Preciso de contato crianças. Um telefone, um e-mail ao qual ainda usem, msn, horários.
Ainda vamos nos ver de perto antes que tudo acabe?

20/07/2009

Declaração

Veio como uma pontada aguda no meio do meu peito. De repente eu perdi o ar e ouvi minha voz assobiar dentro do meu peito arfante. Uma segunda-feira cansativa, normal como todas as outras, meus pais abafados no sofá, olhando um filme qualquer, preocupados com alguma coisa enterrada em suas mentes, cada um de nós em seu mundo particular. Veio como uma apunhalada no meio das minhas costelas, entrecortou rápido, me tirando o ar por um espaço que eu não esperava sentir.
Descobri que tenho medo de morrer, medo da dor, do óbvio, medo de um monte de coisas. Medo do futuro, de não ter tempo (o tempo, o tempo que nunca é o suficiente), assuntos inacabados, ter medo de não ter dado abraços suficientes, beijos, palavras... De ter me deixado levar por pirraça, por bobagens e ter soterrado o que mais importava, o amor que eu sinto pelas pessoas que por mais que me machuquem eu sempre vou sentir. Eu sou burra demais pra odiar alguém pra vida inteira. Eu sempre me encontro em um beco, no escuro do meu quarto frio, abafada em um monte de travesseiros e nunca o suficiente... Digo pra mim mesmo "Eu sou uma idiota não sou? Por levar as coisas a serio demais, por observar de menos, por planejar muito, por viver pouco"
Ah meu Deus, um surto psicótico de amor absurdo por todas as coisas, por todo o mundo. Eu escreveria cartas quilométricas sem ler a frase anterior.


Wagner, seu idiota, eu te amo, e ainda que tenha me sentido profundamente machucada por tudo o que aconteceu, como uma ferida, você ainda tem um lugar aqui dentro. Isso ainda não faz você parecer menos culpado, mas demonstra o que todo mundo que fica perto de mim sabe: eu nunca te esqueci. Meu silencio ocorre sem querer... Às vezes só acho que ainda estou me recuperando de algum acidente absurdo, um baque que acabou com metade do meu cérebro aos poucos. Ainda te vejo com 7 anos, brincando aos meus pés, eu, a irmã mais velha.

Marlon. Meu beco favorito. Minha concepção de lugar seguro. Um lugar onde eu posso me esconder quando eu estou com medo. Uma pessoa que certamente acha todos os meus surtos a coisa mais assustadora do mundo. Sim, eu me importo com tudo isso, me importo com você, com seu futuro e se eu vou ter um lugar nele: como uma história, como uma mágoa, raiva, como uma piada. Queria saber o que você estava pensando quando disse que nunca amou ninguém, queria esquadrinhar cada pedaço ínfimo do seu passado pra descobrir uma só fraqueza e ter a certeza de que você é meu assim como toda a minha vida, cada pedaço meu é seu. De uma forma que só eu entendo, com os presentes que só eu dou... Todos os dias e noites eu te dou um pedaço de mim, um pedaço pequeno. A página de um livro. Um bilhete. Você já tem tudo o que eu senti até agora, se não juntar as mãos pra segurar o resto, meus pedaços irão cair no chão, transbordantes. Um ano e meio e você ainda é um ponto de interrogação piscando no fundo da minha mente. Às vezes tenho vontade de te pegar pelos ombros e sacudir: "Você está realmente aí?" - Não com raiva, mas com uma preocupação contida. Gosto de ti porque você tem qualidades. Te amo porque você tem defeitos.

Sami. Ainda penso no que poderia ter acontecido, ainda me sinto culpada por muitas coisas, ainda tenho guardadas no minimo três possibilidades nas mangas do porquê do desfecho pragmático que as coisas tiveram. Hoje eu admito pra quem quiser ouvir: "É um câncer, me matando, uma doença forte, uma tempestade, se alastrando todos os dias em mim. O que mais dói é não saber o final disso, saber quanta dor eu ainda vou sentir, quanto disso ainda vou ter que tomar. O que eu já aceitei é que vou morrer disso, por escolha. Parei com os analgésicos, pedi alta, vou pra casa conviver com tudo isso até que acabe (?)" Eu te amo com muita força. Com ciúmes, com obsessão tal que eu consegui esquecer os momentos ruins disso tudo. Eu sou uma viciada, como muitos outros que eu vejo por aí. Eu vejo os outros viciados por aí.
Sinto dor, mas não sei de onde vem. Às vezes só acho que ainda tenho alguma sanidade e que ela tenta cada vez mais desesperadamente encontrar um motivo pra disparar um alarme cada vez que eu ameaço ter uma recaída. A dor não tem fundamento, é só uma ferramenta de auto-proteção. O amor também, por isso eu acho que eu estou desenvolvendo algum tipo de autismo. Um mundo em que eu imagino coisas, uma bolha. Uma rua pavimentada de cinza, molhada com chuva em que eu olho através de uma vitrine a vida que eu gostaria de ter. A minha dificuldade é saber se eu estou olhando para dentro da loja, ou para fora do meu mundo em que eu sou a única personagem.
Eu fico preocupada quando não ouço mais falar de você, quando você foge (eu sei que ainda foge), quando as pessoas começam a te procurar. Eu estou ali, àvida pra saber mais, pra aspirar a última carreira. O resto das pessoas parecem poder esperar, você é a pessoa mais frágil que eu conheço. Me sinto chateada por não fazer parte de tudo isso, como se eu estivesse perdendo uma parte da minha vida. Eu procuro desesperadamente fatos que me garantam que você ainda vai bater na minha porta, dois dias antes do aniversário de um ano da minha primeira filha e vai reclamá-la.
Aliás, eu ainda acho que fiquei com a parte chata da festa, a parte de limpar o salão, de enviar os bebados pra casa, de limpar os copos cheios de bebida quente. Preciso ser menos responsável.
Esses dias, persegui mais de meia hora um cheiro em Porto Alegre. Porque me lembrava sua casa, seu quarto, o cheiro dos seus cabelos. Uma cópia identica que me fez eu me perder esses dias por aí. A pior parte é que isso se repete de tempos em tempos e eu realmente não sei o que eu estava esperando encontrar se simplesmente achasse a origem do cheiro;

Vô, eu te daria um bilhão de bisnetos se isso fosse fazer o senhor entender que simplesmente uma parte de mim vai com o senhor quando for embora. Ainda assim, todos os eu-te-amos, todas as fotos e videos que eu eu gravo das suas canções pra mim não parecem ser um porcento do que seria suficiente para que eu aceite que um dia todos nós vamos morrer. Que todos vamos sentir saudades, que as pessoas vão sentir saudade da gente e isso vai se repetir e se repetir. O tempo nunca é o suficiente.

Mãe e pai, crianças como eu. A diferença é que um tem o outro pra segurar as pontas quando as coisas chegam ao extremo. Já faz algum tempo que eu não me sinto mais uma parte de tudo isso, mas acho que foi de maneira natural, como se eu já esperasse por isso no fundo da minha mente. Temos que criar os filhos pro mundo. São a imagem do companheirismo, não daquela coisa enfadonha de pra sempre, mas é como eu imagino que os casais devem ser: pilares um pro outro, se um ruir, o outro está lá pra segurar.

Amo todos vocês, cada um de uma maneira diferente e totalmente nova. Tenho medo de que não entendam isso, ou entendam tarde demais. Tenho medo de vê-los mortos antes que saibam do tamanho do meu amor.
Eu tenho energia suficiente para preencher um milhão de poços, para transbordar os cinco oceanos, para soterrar todos os continentes. E isso ainda assim não é o suficiente.


O oxigênio que me mantém viva é o mesmo que me mata.


Declaro que eu realmente não to mais nem ai pro que as pessoas possam pensar disso. Com certeza não vai ser pior do que eu já penso de mim mesma.

Declaração

Veio como uma pontada aguda no meio do meu peito. De repente eu perdi o ar e ouvi minha voz assobiar dentro do meu peito arfante. Uma segunda-feira cansativa, normal como todas as outras, meus pais abafados no sofá, olhando um filme qualquer, preocupados com alguma coisa enterrada em suas mentes, cada um de nós em seu mundo particular. Veio como uma apunhalada no meio das minhas costelas, entrecortou rápido, me tirando o ar por um espaço que eu não esperava sentir.
Descobri que tenho medo de morrer, medo da dor, do óbvio, medo de um monte de coisas. Medo do futuro, de não ter tempo (o tempo, o tempo que nunca é o suficiente), assuntos inacabados, ter medo de não ter dado abraços suficientes, beijos, palavras... De ter me deixado levar por pirraça, por bobagens e ter soterrado o que mais importava, o amor que eu sinto pelas pessoas que por mais que me machuquem eu sempre vou sentir. Eu sou burra demais pra odiar alguém pra vida inteira. Eu sempre me encontro em um beco, no escuro do meu quarto frio, abafada em um monte de travesseiros e nunca o suficiente... Digo pra mim mesmo "Eu sou uma idiota não sou? Por levar as coisas a serio demais, por observar de menos, por planejar muito, por viver pouco"
Ah meu Deus, um surto psicótico de amor absurdo por todas as coisas, por todo o mundo. Eu escreveria cartas quilométricas sem ler a frase anterior.


Wagner, seu idiota, eu te amo, e ainda que tenha me sentido profundamente machucada por tudo o que aconteceu, como uma ferida, você ainda tem um lugar aqui dentro. Isso ainda não faz você parecer menos culpado, mas demonstra o que todo mundo que fica perto de mim sabe: eu nunca te esqueci. Meu silencio ocorre sem querer... Às vezes só acho que ainda estou me recuperando de algum acidente absurdo, um baque que acabou com metade do meu cérebro aos poucos. Ainda te vejo com 7 anos, brincando aos meus pés, eu, a irmã mais velha.

Marlon. Meu beco favorito. Minha concepção de lugar seguro. Um lugar onde eu posso me esconder quando eu estou com medo. Uma pessoa que certamente acha todos os meus surtos a coisa mais assustadora do mundo. Sim, eu me importo com tudo isso, me importo com você, com seu futuro e se eu vou ter um lugar nele: como uma história, como uma mágoa, raiva, como uma piada. Queria saber o que você estava pensando quando disse que nunca amou ninguém, queria esquadrinhar cada pedaço ínfimo do seu passado pra descobrir uma só fraqueza e ter a certeza de que você é meu assim como toda a minha vida, cada pedaço meu é seu. De uma forma que só eu entendo, com os presentes que só eu dou... Todos os dias e noites eu te dou um pedaço de mim, um pedaço pequeno. A página de um livro. Um bilhete. Você já tem tudo o que eu senti até agora, se não juntar as mãos pra segurar o resto, meus pedaços irão cair no chão, transbordantes. Um ano e meio e você ainda é um ponto de interrogação piscando no fundo da minha mente. Às vezes tenho vontade de te pegar pelos ombros e sacudir: "Você está realmente aí?" - Não com raiva, mas com uma preocupação contida. Gosto de ti porque você tem qualidades. Te amo porque você tem defeitos.

Sami. Ainda penso no que poderia ter acontecido, ainda me sinto culpada por muitas coisas, ainda tenho guardadas no minimo três possibilidades nas mangas do porquê do desfecho pragmático que as coisas tiveram. Hoje eu admito pra quem quiser ouvir: "É um câncer, me matando, uma doença forte, uma tempestade, se alastrando todos os dias em mim. O que mais dói é não saber o final disso, saber quanta dor eu ainda vou sentir, quanto disso ainda vou ter que tomar. O que eu já aceitei é que vou morrer disso, por escolha. Parei com os analgésicos, pedi alta, vou pra casa conviver com tudo isso até que acabe (?)" Eu te amo com muita força. Com ciúmes, com obsessão tal que eu consegui esquecer os momentos ruins disso tudo. Eu sou uma viciada, como muitos outros que eu vejo por aí. Eu vejo os outros viciados por aí.
Sinto dor, mas não sei de onde vem. Às vezes só acho que ainda tenho alguma sanidade e que ela tenta cada vez mais desesperadamente encontrar um motivo pra disparar um alarme cada vez que eu ameaço ter uma recaída. A dor não tem fundamento, é só uma ferramenta de auto-proteção. O amor também, por isso eu acho que eu estou desenvolvendo algum tipo de autismo. Um mundo em que eu imagino coisas, uma bolha. Uma rua pavimentada de cinza, molhada com chuva em que eu olho através de uma vitrine a vida que eu gostaria de ter. A minha dificuldade é saber se eu estou olhando para dentro da loja, ou para fora do meu mundo em que eu sou a única personagem.
Eu fico preocupada quando não ouço mais falar de você, quando você foge (eu sei que ainda foge), quando as pessoas começam a te procurar. Eu estou ali, àvida pra saber mais, pra aspirar a última carreira. O resto das pessoas parecem poder esperar, você é a pessoa mais frágil que eu conheço. Me sinto chateada por não fazer parte de tudo isso, como se eu estivesse perdendo uma parte da minha vida. Eu procuro desesperadamente fatos que me garantam que você ainda vai bater na minha porta, dois dias antes do aniversário de um ano da minha primeira filha e vai reclamá-la.
Aliás, eu ainda acho que fiquei com a parte chata da festa, a parte de limpar o salão, de enviar os bebados pra casa, de limpar os copos cheios de bebida quente. Preciso ser menos responsável.
Esses dias, persegui mais de meia hora um cheiro em Porto Alegre. Porque me lembrava sua casa, seu quarto, o cheiro dos seus cabelos. Uma cópia identica que me fez eu me perder esses dias por aí. A pior parte é que isso se repete de tempos em tempos e eu realmente não sei o que eu estava esperando encontrar se simplesmente achasse a origem do cheiro;

Vô, eu te daria um bilhão de bisnetos se isso fosse fazer o senhor entender que simplesmente uma parte de mim vai com o senhor quando for embora. Ainda assim, todos os eu-te-amos, todas as fotos e videos que eu eu gravo das suas canções pra mim não parecem ser um porcento do que seria suficiente para que eu aceite que um dia todos nós vamos morrer. Que todos vamos sentir saudades, que as pessoas vão sentir saudade da gente e isso vai se repetir e se repetir. O tempo nunca é o suficiente.

Mãe e pai, crianças como eu. A diferença é que um tem o outro pra segurar as pontas quando as coisas chegam ao extremo. Já faz algum tempo que eu não me sinto mais uma parte de tudo isso, mas acho que foi de maneira natural, como se eu já esperasse por isso no fundo da minha mente. Temos que criar os filhos pro mundo. São a imagem do companheirismo, não daquela coisa enfadonha de pra sempre, mas é como eu imagino que os casais devem ser: pilares um pro outro, se um ruir, o outro está lá pra segurar.

Amo todos vocês, cada um de uma maneira diferente e totalmente nova. Tenho medo de que não entendam isso, ou entendam tarde demais. Tenho medo de vê-los mortos antes que saibam do tamanho do meu amor.
Eu tenho energia suficiente para preencher um milhão de poços, para transbordar os cinco oceanos, para soterrar todos os continentes. E isso ainda assim não é o suficiente.


O oxigênio que me mantém viva é o mesmo que me mata.


Declaro que eu realmente não to mais nem ai pro que as pessoas possam pensar disso. Com certeza não vai ser pior do que eu já penso de mim mesma.

11/07/2009

So many things

Disse pra mim mesma que eu não precisaria ser coerente, não hoje, não agora em que grito neste poço sem fundo até que ele transborde.
Então, se eu ler isso amanhã ou depois, não vou precisar entender. Estou cansada de analisar as coisas como em um tabuleiro de xadrez.


Me sentei na cama morna, meio perdida na semi inconscienência que eu tanto gosto. Levei as mãos aos olhos para que eles não se abrissem, porque queria guardar aquele momento por mais alguns segundos dentro da minha mente, para que não se perdesse.
Sinto uma mão no meu ombro, puxando para que eu me deitasse de novo, "Ainda não está na hora Jess."
Eu não queria que ele me interrompesse e as imagens se desfariam como névoa. Mas não. Elas não se desfizeram. Era um sonho bom demais para que se fosse tão rápido. Sorri no escuro com a idéia tão perfeita. Um sonho que eu pudesse guardar enquanto vivesse, aqui, em mim.

"Eu andava em uma casa familiar, luz morna, mas na rua a claridade das quatro da tarde era interrompida por uma atmosfera de chuva. O tempo agradável, mas sabiamos que iria chover.
Saimos as duas de casa, de pés descalços, de mãos dads, ela me puxando. Perguntei à ela se não iria fechar a casa antes de sairmos. Ela respondeu 'Não. A casa está protegida'; eu a questionei. 'Tenho uma adaga no meu coração'. Não entendi, mas ela me puxou pelas ruas úmidas, de terra fofa. Me lembro quando a chuva começou a cair e as pessoas corriam para se proteger, mas nós ficamos lá e tudo era muito real. De maneira lógica eu via tudo. De uma maneira fria, sentindo as coisas como elas eram, por um pouco mais de dez segundos, eu tive olhos reais e fiquei paralisada ali, como se o tempo tivesse simplesmente parado.
Eu vi as gotas cairem uma-a-uma, como em camera lenta, tocarem a minha pele e acompanhei cada reação de cada centimetro da minha pele ao sentir a àgua ínfimamente fria.
Eu estava feliz, eu estava simplesmente radiante, eu estava tão bem que poderia sair de mim e nunca mais voltar, eu estava pronta pra ficar, ali, sabendo que era um sonho. Eu estava pronta pra ter o inevitável. Eu estava pronta para aceitar que se amanhã ou depois eu morresse, não faria diferença, porque em minha mente eu era completa.
E foi assim. Eu ainda sentia a mão dela na minha, e nossas peles eram mornas, porque ela havia pego um pouco do meu calor para se sentir humana."



Eu não iria escrever isso aqui.
Mas me sinto tão infeliz com tudo isso que milhares de caixas de pensamentos não iriam bastar. Eu escreveria até que as minhas mãos caíssem, até que as caixas acabassem, até que as pessoas ao meu redor secassem e eu ainda não teria despejado metade dos pensamentos ali.
Às vezes eu só preciso sair do controle, sair de mim. Em um mundo seguro que me encontro, as coisas que eu faço são tão previsiveis que eu implodo todos os dias. Esqueci que meus sentimentos poderiam ser tão destrutivos comigo mesma e com as pessoas à minha volta. Muitas coisas assim ainda estão por vir.

Preciso enlouquecer, fugir, ser irresponsável, nua de mim mesma. Preciso parar de me impor tantas coisas, preciso ser mais simples com tudo. Para voltar na segunda-feira a ser a boa e velha Jéssica de novo.

02/07/2009

Tea Time

Ele fuma seus cigarros baratos, meu nariz arde em pensar e aspirar seu hálito. Tira fotos de tudo que acha que pode sentir, sente tudo e registra um após o outro. Lapsos de sua vida, que assim como os livros que lê, cheios de rabiscos disformes e anotações.
Li aguns de seus poemas. Medíocres. Uma máscara feita de sonhos, como os meus. Medíoires em uma dose de igualdade com encanto e devaneio.
Se ele mente, porque não posso tornar realidade? Falo para ele que mentir vicia. Um silencio ao meu lado após uma longa conversa de um tom só e ele me diz que não pensa em nada. Sua cabeça vazia, reflete o que eu já sabia.
Coço com o dedo indicador uma de minhas 20 testas, pensativamente. Faço uma pausa dramática e encosto a mão aos poucos na parede, para sentir sua pulsação fria. Tenho saudade dessa sensação, abraços de concreto, como uma boneca de plástico.
Abro um de seus livros favoritos. Não há mais capa. "É mais fácil julgá-los assim".
Eu olho para ele e ele é envolto em uma espessa bruma esbranquiçada, sinto aquele cheiro de novo. Seu sorriso é cheio daquela ilusão que ele gosta de usar.
"Eu consigo compará-los a cada um de nós. Você por exemplo. Está na página 46."
Penso que o personagem da página 46 não se parece comigo. Ele diz que para ser igual, bastava ter meu nome. Discordo. Ele me beija como uma criança. "Agora sim, você é identica."

E discursa apaixonadamente:
"Os livros são como pessoas; Pessoas limpas, sem marcas ou arranhões são pessoas de pouca vida. Pessoas assim não me inspiram. Prefiro livros de sebo, com marcas de dedo, manchas de café, rabiscos, anotações, dedicatórias, cheiro de pele. Têm história; quantas noites seu antigo dono passou à entrar por aquelas páginas, passou os dedos pelas mesmas letras, riu ou simplesmente desdenhou cada palavra?"
Ele era quase meu oposto, uma dádiva divina para meus olhos marejados. Ele era meu sol particular, minha dose de adrenalina, cocaína, anfetamina. Naquele momento, mas só naquele pequeno instante eu me amei por estar ali, embriagada, podendo ouvir cada palavra e respirar cada uma de suas idéias;

Quando veio se despedir, já era quase de manhã. Como última resposta, questionei sobre sua citação favorita. Ele olhou para a porta, apagou o cigarro no chão e andou em direção à saída. Parou ali e com seus olhos fixos em mim, disse:

"E de repente o silêncio,
Com os passos da ilusão
Perseguem a criança-sonho
Pelas terras da invenção,
Falando a seres bizarros...
Uma verdade, outra não."

Ainda pude escutar sua voz de longe, terminando de citar Lewis Carroll, mas me parecia doce demais para ser real. Antes de amanhecer ainda tive tempo de pensar:

"Talvez eu volte à vê-lo. Talvez na hora do chá."

12/06/2009

Cheshire

Descobri tarde demais que poderia ameaçar meus inimigos com um olhar de compaixão.
Ainda ando de all star branco por aí achando que posso não pensar em nada de passado. A diferença é que agora eu sinto saudade, vejo fotos, leio textos, choro oceanos. No outro dia levanto e vou trabalhar sem a sensação de não me sentir culpada, ou me sentir um lixo.
Descri cedo demais de tudo o que era belo e me permaneci apaixonada por uma sensação que me consumiu e quero que me consuma para sempre enquanto a minha alma ainda puder sentir (e aquele pensamento semi-suicida "só mais uma vez").
Doeu quando deixei de acreditar que as coisas poderiam ser perfeitas, vi falhas e aberturas onde existia apenas espaço para uma compaixão antiga.

"Ele não irá substituir seus analgésicos."

Durante a noite no carro, sozinha na estrada, perco o medo e apago os faróis.
Me sinto mais segura passando despercebida se puder. Uma sensação estranha ao dirigir um carro é que as pessoas não imaginam o quanto seu cérebro consegue administrar dezenas de pequenas tarefas sem que as percebamos.

Ainda me sinto jovem demais pra estar me deslocando de um lado ao outro sem ninguém do meu lado. Meus professores riem. Dizem que sou uma moça. Eu rio.

Crescer não é deixar as coisas para trás. Qualquer um faz isso.
É poder encarar tudo de frente, assumir o que se sente e segurar as pontas do que vier.


"Jess, isso é pra sempre."
"Era pra sempre mesmo antes de virar tinta."

10/05/2009

Caos


Eu estava correndo rápido de olhos cerrados, sentindo o calor do sol das 6 horas da tarde queimando meu rosto. Corria mais que os meus pulmões podiam agüentar.
Convulsivamente joguei-me pra frente, porque meu peito não suportava. Coloquei as mãos nos joelhos e ofengante vomitei.
Olhei no chão algumas pétalas amassadas. Tinham vindo de dentro de mim. Eram muito pequenas e finas, de um amarelo vivo. Senti náuseas.
No horizonte eu conseguia ver Juliana rodando ao som de alguma música que eu não entendia, e Pedro colhia flores para ela. Eu me sentia estranha na minha calça-jeans-e-camiseta naquele cenário que não era real. Pela primeira vez, meu sonho lúcido.
Abracei Juliana, porque não queria perdê-la de novo, mas ela parecia não me notar. Era morna e seu hálito lembrava-me eu mesma. Me ajoelhei no chão, ao seus pés descalços e notei que ela estava nua. Tirei minha blusa e a cobri, porque Pedro estava ali e não queria que ele a visse daquela maneira. Ela chorava febril no meu colo.
Olhei seu rosto infantil e tive vontade de beijá-la, mas ela chorava e de seus olhos saiam pétalas. Pequenas pétalas cor-de-rosa de um perfume sem igual. Fechei meu olhos para chorar porque sua beleza me comovia e vê-la chorando era como mil socos no estômago.
Apertei-a com força contra meu seio e a fiz dormir. O tempo não passava.
Pedro se aproximou e deixou aos meus pés um pequeno filhote de pássaro. Estava semi-morto, acho que uma asa quebrada. Os olhos negros de Pedro observavam o pássaro se debater, branco em contraste com e pele caramelo dele.

"Ele vai morrer, não vai?"
"Sim Pedro, ele vai morrer."

E Pedro enterrou-o vivo aos pés de Juliana.
"It's sometimes just like sleeping,
curling up inside my private tortures.
I nestle into pain,
Hug suffering, caress every ache"

23/01/2009

Abstinência

Hoje eles dizem "Eu te amo" e as palavras saem tão facilmente quanto entram.
Amanhã, milhares vão começar a fazer o mesmo, e milhares irão dizer por uma última vez, e milhares de últimas vezes ainda existirão para elas.
Amanhã, milhares de olhares serão trocados e milhares de olhos se cruzarão por encanto, por destino, por acaso. E depois de amanhã e depois e depois.


Muitas coisas para escrever aqui que não caberiam em um texto coerente.
Coisas sobre os fatos pelo qual as pessoas não me surpreende mais e o quanto eu consigo prever seu próximo passo ou palavra. Coisas sobre o quanto me cansa ser humana e o quanto me dói ler as histórias de quando eu era criança, porque agora elas não fazem o menor sentido pra mim. Sobre o fato de que hoje eu analiso os contos infantis de uma maneira sensata. Sensata! Eu pensado com sensatez! Que grande bobagem!

... Mas tudo se resumiria a "Se não pode contra eles, junte-se à eles".

C'est la vie...