30/10/2020

I'm losing it

 


A sensação de que eu estou sendo a besta caçadora agora é eminente. O que eu posso fazer contra essa jovem alma é indescritível. Marcá-lo para sempre, sim, moldá-lo, despertá-lo para gostos desconhecidos, ensiná-lo à minha maneira. E deixá-lo ir nada próximo da mesma maneira que chegou. Ao mesmo tempo que temo estar sendo irresponsável e imprudente, a adrenalina de ter alguém tão submisso aos meus desejos parece falar mais alto. 

E tudo parece muito ritualístico, a mínima ideia de partir seu frágil corpo ao meio e me banquetear na sua carne morna e suculenta, roer cada um de seus ossos, sugar cada gota de suor e sangue que escorre pela sua pele macia enquanto ele, ainda vivo, me observa em êxtase. Não consigo evitar pensar no prazer que isso me traria, usá-lo até o último resquício de energia mental e física, fazê-lo pensar em nada que não seja meu nome, fazê-lo esquecer que as palavras existem e tudo o que existe no mundo sou eu e o prazer que é compartilhar a minha mera existência.

Tell me, old friend: am I losing my mind?

18/09/2020

Causas e tropeços

Em algum momento eu quis isso pra me sentir viva - a paixão. Acordar com uma mão ao redor do meu coração apertando-o conta a vontade, me fazendo suspirar, sorrir, corar. Entretanto isso veio do lugar errado porque não passa de projeção e fala tão alto sobre a minha solidão que o simples existir vai contra a razão.

Há alguns dias atrás um amigo me disse - entre outras coisas -  que eu era demais para ser tratada como uma fantasia e que eu "merecia mais", que eu merecia alguém que estivesse ao meu lado e me apoiasse 100% e isso não era pedir demais. Tenho pensado nisso desde então e quanto mais penso sobre isso - ao contrário do que eu imaginei - mais doente me sinto. Mais apaixonada por alguém que não existe eu fico e maior a frustração se torna.

Veja bem, há toda essa energia projetada em uma mera ideia de alguém que serve somente como receptáculo de uma frustração conhecida. É seguro gostar de um personagem porque toda frustração que existe em uma "relação" assim já é conhecida. Direciono meu sentimento pra um fantasma porque - a despeito da costumeira não reciprocidade - ele não pode me machucar, nem machucar ninguém por minha causa. Não há dor além da que eu posso controlar. Meu subconsciente parece ter feito às pazes com a ideia de que é muito melhor sofrer um amor impossível do que talvez se machucar por algo real. A pessoa que eu amo não pode me rejeitar se ela não existe, a lógica parece impecável.

Há, no entanto uma segunda dor crescendo ao mesmo tempo, perigosa e silenciosa. Me faz sentir um pouco menos humana, lutando pra recuperar o amor próprio e a dignidade: eu sinto que desapareço um pouco a cada dia que não sou tocada com afeto, como se existisse um propósito muito sério em "deixar uma marca no mundo". Somos animais sociais anyways, e eu tento me perdoar um pouco por ser orgulhosa, mas deus, como é difícil. E apesar da obviedade da minha mente social buscar por uma resposta rápida como se a solução pra isso estivesse em um relacionamento eu sei que não solucionaria. Há algo na sensação de não caber no mundo que também não cabe e nem se cura em abraços ou todo o afeto do mundo.

Retornamos à terapia, então, pra encontrar um caminho entre a utopia e o caos.

26/08/2020

We already know it

Todos os últimos dias pela manhã rezo para que a sensação desapareça, sem sucesso. Fujo pro banho na esperança de dar alguma tarefa para minha mente fugidia e gasto o que parecem horas sonhando acordada enquanto a água quente demais escorre corpo abaixo. Discuto comigo mesma e esqueço das minhas próprias mãos enquanto elas mecanicamente percorrem meu corpo com o sabonete.

E novamente me encontro aqui, esquecida, distraída, fugidia, infinita, caótica, humana. Não há qualquer mudança que justifique isso que não seja alguma paixão infantil arrebatadora nascida de um intenso desejo de pertencer. Nada de novo.

no entanto há tanto o que dizer, que nada é falado

é só eu, no fim, sozinha, precisando
de atenção

15/08/2020

Limerence, again


é isso, de novo

estou me apaixonando de novo

uma pequena obsessão, de novo

por alguém que nunca poderia me conhecer


Fico acordada pensando no que poderia causar esse tipo de sentimento enquanto abro páginas e páginas sobre a pessoa em questão, procurando como um viciado qualquer informação, qualquer vestígio, qualquer coisa que me faça saber mais sobre ela. Patético, eu digo a mim mesma. Rio do quanto isso tudo é ridículo. Digo a mim mesma que nem na terra 45 existiria possibilidade dessa pessoa cruzar comigo na rua. No entanto o coração bate rápido da mesma maneira. Me sinto ruborizar, fico ansiosa, choro. É isso, de novo.

O quanto isso diz sobre solidão, não sei dizer.

não importa, preciso voltar pra terapia.

13/08/2020

Zenith


Dentro da banheira com a água quase fria, enfio o rosto água adentro e grito. Um grito que sai quase sem vontade de gritá-lo, tolhido pelos remédios que me fazem sentir o patamar zero. Tento chorar e não consigo. Sinto que em outro momento eu choraria, sem os remédios choraria como uma torrente em fim e aqueceria novamente a água da banheira.

O patamar zero me faz trabalhar reclamando só o suficiente para parecer normal. Me irrito e tenho vontade de me atirar no chão e dizer "não quero" esperneando como uma criança de 3 anos. Todavia não me atiro no chão e não grito "não quero", porque o patamar zero só me faz observar o chão de madeira e me perguntar "o que eu não quero?". Nenhuma resposta me vem à mente.

Essa semana parece uma cópia da semana passada, que parecia uma cópia da semana anterior e assim por diante. Tenho certeza que semana que vem será o mesmo. E a próxima. E é difícil sair do patamar zero. Me frustro com alguma frequência em não conseguir ser o melhor possível para mim mesma, em não conseguir dormir, me alimentar, me exercitar, ou respirar, mas continuo tentando, porque o patamar zero me faz não desistir ou afundar.


no fim ainda há a dança.

dentro do meu oceano no fim sempre haverá a dança.

14/07/2020

Moonlight




Aqui os devotos entram e saem. Silenciosos acendem velas e entre suspiros fazem preces indecifráveis. Levam daqui sempre algo, um pedaço de mim, pequeno a ponto de esconder-se no subconsciente ou grande demais para caber na alma.
Eu observo seus passos silenciosos e nem sempre respeitosos pelo chão de terra. Passam as mãos pelas paredes, sentam-se no chão, ouvem os ecos nas estruturas de pedra antiga.
Ás vezes eu presencio pequenos milagres, como a maçã verde que amanheceu mordida no altar sem que ninguém a tivesse tocado. O cheiro de mel, madeira e canela no ar. Os pássaros que fizeram ninho aos pés gastos da imagem de seio desnudo no centro da caverna.

Mas vem aqui alguém incansável. Jejua e faz preces incansáveis. Dá voltas na imagem com seus pés descalços e olhos pontiagudos, incansável.

Penso que não teve suas preces atendidas, ou que deve ter muito o que agradecer. Penso que deve haver algo aqui que o fascina ou que o cega, como um começo sem fim. Começos sem fim sempre pesam nos ombros dos homens.
Penso que há algo de excitante em sua busca, como lembrar-se sempre do que havia de bom em algo, como apagar os defeitos, como lembrar-se de como é flertar com o desconhecido. Buscas pelo flerte com o desconhecido sempre pesam nos ombros dos homens.
Penso que aqui parece um lugar seguro para suas preces. Uma caverna como essa parece exigir paciência e olhos treinados para ser totalmente descoberta. Sorrio de maneira infantil com a revelação. Uma parte de mim acha engraçado que um lugar como esse possa servir para qualquer coisa que não seja um celeiro de ego, utopia e caos. Mas outra parte de mim entende.

do lado de fora ouço vento de uma tempestade que se aproxima
um lobo uiva para o que ainda se vê da lua
me arrepio unindo a pele dos pés à nuca, arrebatada

My one, when all is said and done
You'll believe God is a woman

13/07/2020

Moonchild

Faz frio lá fora e mais uma vez antes de dormir precisei ouvir aquela moça falar sobre "tudo bem ser intensa demais" como se fosse uma prece ou um hino. Algo religioso e palpável, terapêutico e curador nesses tempos incertos. Diz ela que "é violento tentar ser menos pra se caber numa relação", instantaneamente fecho os olhos e penso "amém". Ao mesmo tempo não consigo causar nada menos do que espanto, admiração e medo, o que numa fração não muito difícil de se chegar resulta em distância. Precipícios. Abismos. Me sinto um brinquedo caro demais pra se brincar, melhor deixar na caixa. Ao me tornar e melhor pessoa possível pra mim mesma eu me tornei capaz de criar conexões incríveis com outras pessoas, mas aparentemente nenhuma que queira mesmo apostar em um relacionamento. Eu sou muito pra bancar. Eu sou excessiva. É necessário confiança demais, paz demais, certeza demais em si para se estar do meu lado e aguentar o peso da minha própria intensidade.

O meu eu é exagerado. E intimida e cansa, eu entendo. É lindo, imenso, capaz de criar coisas incríveis e me faz estar no mundo de maneira inédita e intensa. Mas é inadequado e assustador.

Talvez no mundo 16. Talvez lá eu caiba.

07/07/2020

Carta aberta ao meu eu do passado



Eu te perdoo.
Te perdoo por tentar caber em caixas pequenas demais pra você.
Te perdoo por ter se diminuído até quase não restar mais nada.
Te perdoo por ter partido quando queria ficar. E por ter ficado quando devia ter partido.

Eu te entendo.
Te entendo pelos vícios que adquiriu ao longo do tempo.
Te entendo pelas mentiras que precisou contar pra sobreviver.
Te entendo por ter sido dura quando queria ser terna. E por ser terna quando queria ter sido dura.

Eu te respeito.
Te respeito pelas decisões difíceis que precisou tomar.
Te respeito por ter tirado um tempo pra si quando todo o resto pedia pressa.
Te respeito por ter imposto limites quando te pressionaram. E por ter abrido mão de alguns por amor.

mas acima de tudo Eu te amo.
Te amo por ser verdadeira às coisas que acredita.
Te amo por saber que não sabe tudo sobre tudo e por sempre estar aberta a aprender.
Te amo por sempre querer ser a melhor para si mesma, mesmo que as pessoas achem que isso é o que chamam de loucura.
Te amo por sempre tentar.
Te amo pelas desculpas que pede quando sabe que errou.
Te amo por não se levar tão a sério, mesmo quando deveria.
Te amo por estar sempre vigilante nas próprias ações e por aprender com elas.
Te amo por ser amorosa tanto quanto possível - consigo e com os outros.
Te amo por sempre tentar.

Te amo por sempre tentar.
Te amo por sempre tentar.
Te amo por sempre tentar.
Te amo por sempre tentar.
Te amo por sempre tentar.

17/05/2020

Qualquer coisa sem sentido

Eu nunca vou ser normal.
Acho que já devia ter me acostumado com isso, mas todo dia é um dia novo e eu me esqueço do que deveria ter feito já no dia anterior.
Entender coisas, aprender. Eu nunca vou ser normal.
E há algum romantismo em tentar ir contra a regra, dizem. "Normal é chato", dizem. "Normal não existe".
Então porque eu me sinto tão desconexa? Ir contra a regra nada tem de romântico ou interessante. Eu não faço isso porque eu quero ser interessante. Eu não sou como eu sou porque eu quero parecer diferente. Eu nunca vou ser normal. E dói não ser normal, dói como toda a existência dói. Dói porque a vida dói. Dói porque dói viver e é uma experiência solitária. E de experiências solitárias eu já estou cheia. Sentir e ver as coisas como eu vejo não tem nada de romântico.
mas dói mais parecer normal, me toma o dobro do trabalho e da energia. Olhar pro espelho e lembrar de aprender a ser uma pessoa menos eu. Ser menos. Ser mais estável, ser mais dócil, passar desapercebida, Me misturar até que eu não saiba o que eu sou e o que são os outros. Dói demais estar vazia. Eu nunca vou ser normal.
Eu continuo me apaixonando por pessoas que não sabem quem eu sou. Eu continuo me apaixonando por relacionamentos que não são os meus. Eu continuo sem ter com que dividir uma imensidão de coisas. Eu continuo desejando intimidade e encontrando precipícios. Continuo pintando os cabelos de qualquer cor que eu ache bonita. Continuo me misturando com pessoas mais jovens do que eu, talvez em busca de alguma adolescência que meu subconsciente ache que nunca ocorreu. Lembrar de aprender, eu nunca lembro. Eu nunca vou ser normal. E dói saber disso. Dói tanto, tanto. Uma dor solitária e triste, profunda e constante.
Da dor eu sempre lembro.
Só não lembro de aprender.
Por que dói tanto?

15/05/2020

call me Domitila


No silêncio estendo as raízes por baixo da terra morna e úmida. Estico o quanto posso os dedos e os braços, sinto os tendões alongando, as costas tesarem ao mesmo tempo que relaxam ao entrar em contato com a conhecida provedora dos meus instintos.
O meu corpo nu se enrosca nas folhas secas, nas ervas daninhas, na terra orvalhada, na sombra entrecortada pelo sol poente tépido. Sinto meus olhos fechados há horas, as pálpebras coladas, despreocupadas, distraídas, que deixam apenas a luz entrar o suficiente para me dar a passagem do tempo. Meus cabelos roçam os ombros, o rosto e as costas, fazem cócegas na minha nuca e testa e eu me divirto silenciosamente com a quantidade de sensações infantis que tenho agora. Nada disso é novo, entenda, mas me vejo aqui novamente, roçando a terra para sair de mim. O cheiro da minha pele nua se mistura ao cheiro do solo, do sol e da poeira fina, sobe ao meu nariz em lufadas e eu sorrio tentando absorver todas as sensações ao mesmo tempo. Mel, canela, cravo, noz moscada e especiarias
Eu ouço música, veja bem, eu ouço música aqui. No mais alto volume possível quase suficiente para me ensurdecer. Todo o tipo de música. Tambores, trompetes, órgãos do tamanho de prédios medievais e oboés. Tubas, pratos e liras. Saxofones e gritos em barítono. Uma tempestade nos meus ouvidos, dó maior sustentado até o limite. Me arrepia inteira e meus joelhos arranham-se escorregando no chão enquanto se abrem para que meu corpo seja tomado pela terra. As mãos em palma agarrando a terra estendem-se pra fora do meu corpo como garras infinitas tentando abraçar o mundo e tomar-lhe pra dentro. 
Nesses tempos, há a vontade de recolher o mundo em um abraço lascivo e atravessa-la no ventre, inteiro. Vê-lo curada na minha feminilidade, com a única força que pareço sentir ter agora.

10/04/2020

"Feels like [the winter] knows me well"



Existiu algo em ser abraçada inteira. Mente, loucura, momentos de fraqueza. Pele, defeitos e as lágrimas também. Inteira, como eu nunca achei que seria. Eu que sempre achei que fosse pedaços jogados por aí, braços, pernas, uma cabeça costurada num corpo sem unidade, meio perdida, me esforçando pra juntar partes vulgares sem qualquer sentido.

Existiu algo em ser abraçada inteira. Algo que eu ainda sinto falta. Lembro de pensar em felicidade, lembro de saber que acabaria em breve. Lembro também de sentir medo por saber que aquilo significava ferir de alguma forma outra pessoa que eu também amava. E que ela não me deixava entrar, que não me deixava amá-la nem abraçá-la e nem me deixar fazê-la sentir como eu me sentia naquele momento. E que eu precisei ser menos para que ela não se sentisse menos, e eu nunca pude fazê-la se sentir mais... ou ser mais.

Existiu algo em ser abraçada inteira. Lembro que nada se comparou ainda a sensação de braços darem a volta completa na minha cintura, um corpo nas minhas costas, uma mão no meu seio. Lembro que houve qualquer sensação de surpresa em um movimento tão natural encaixar-se tão perfeitamente no silêncio e na paz. Qualquer tensão se desfez. Meus comentários estranhos sobre mundos paralelos não me fizeram sentir desconfortável pela primeira vez em muito tempo e eu soube que enquanto estivesse ali, estava segura.

É clichê dizer que chovia? Chovia.

E acabou. Acabou a felicidade, a chuva, o inverno. Acabou aquele ano, acabou meu eu daquela época e a sensação de que eu seria abraçada inteira de novo.
Acabou. Como as músicas que eu ouço quando preciso de uma desculpa pra poder chorar sem me sentir estranha, porque chorar sem motivo me faz sentir louca, descontrolada, infinita, inacabada. Acabou como a versão Colors de Moments Passed de Dermot Kennedy, ou a como a minha alma saindo do corpo com a versão de Tenebrae de Miserere Mei Deus, ou Toccata and Fugue in D minor tocada no Berliner Dom pelo Xaver Varnus. Acabou como sempre acaba a versão de First Step de Interstellar tocada pelo David Robertshaw. Acabou como tudo isso vai acabar um dia. A quarentena, as paredes e o outono, pra começar um novo inverno.


It'll all be good, just hold me well

09/04/2020

Zwierzęcy

eu sou uma besta
dormindo desajeitada no inverno
deitada sobre gelo fino
acumulando grama sobre grama
de neve sobre o corpo

dentro de mim
os olhos abertos
as mãos em torno da maçã fresca

eu sou uma besta
adormecida em uma nevasca
esperando qualquer raio de sol
derretendo o rio
que corre abaixo de mim

dentro de mim
os ouvidos atentos
e as lágrimas como uma corredeira

eu sou uma besta
inerte e silenciosa
parte da natureza ao redor
invisível aos olhos do caçador

dentro de mim
a pele febril
espera que o normal nunca volte
porque o normal nunca funcionou



há algo escondido aqui
que percorre os sonhos dessa besta
liquefeito
profundo
obscuro
e que me atrai cada vez mais
pra dentro de mim
e pra fora dessa natureza

bestial

Tell me kid, you ready for winter?


01/02/2020

Bhanga

Isso é sobre a coragem e força que eu espero ter nos próximos dias e o medo que eu tenho da dor. Dor física de me sentar sobre o quadril e dobrar os joelhos pressionando os tornozelos.

Dor de me forçar a fechar os olhos tanto tempo de forma consciente ao me fazer olhar pra dentro conscientemente.

E sobre o medo do que eu posso vir a encontrar aqui dentro. Se eu olhar fundo o suficiente, o que pode vir a olhar de volta? No que eu tenho evitado pensar? Do que eu tenho fugido? O que eu tenho evitado lembrar?



Quem me aguarda do outro lado?


25/01/2020

Paciência

Todas as minhas decisões me levaram até aqui.
Sair de um labirinto, de um enigma além de mim para mergulhar no maior enigma possível dentro da minha própria mente. Tentar desenredar alguma coisa e descobrir o que fazer com todas as respostas.
Poucas são as perguntas, já.

Quando eu saí da última incógnita tomei a decisão mais madura que já havia tomado. Resolvi mergulhar em mim, correr atrás de respostas, lutar por ter uma direção que me apontasse pra dentro antes de me ajudar a apontar pra fora. E eu já não quero mais que o amor me salve.

Seguir meu coração ainda parece uma boa ideia, sempre, mas mais do que tocar a arte e sentir-me parte dela, eu aprendi que a observação ainda vale mais do que me deixar deteriorar pendurada meio torta pra esquerda em uma parede.




This, too, shall pass.