19/06/2010

Cinza-céu (ou "Aqui Sempre Chove")


Ao voltar para a casa em que estou hospedada, após pouco mais de 10 dias em uma viagem que me fez ver o mundo de uma forma mais real, descubro que todas as fotos que estavam na minha maquina fotografica foram permanentemente apagadas.
Meu primeiro impulso foi o de escorar o rosto nas mãos e chorar como uma criança. Louvre, Chateau de Versailles, a foto que eu tanto queria ao lado da estátua de Psique e Cupido, a foto ao lado da Mona Lisa, a foto do alto da Torre Eiffel. Moulin Rouge, Dom de Colonia, Champs Elisée, Museu do Vaticano, Arco do Triunfo, Coliseu, Foro Romano, Palatino, Capitolino, Boca da Verdade, Capela Sistina, e as fotos bobas das flores de Wuppertal e dos vitrais daquela capela pequena no meio da cidade. Tudo apagado.

Chorei por menos tempo que o normal. Ou pelo menos, menos tempo que eu estaria acostumada.

Durante uma tentativa de consolo, me disseram "ainda temos as que nós tiramos" e eu pensei "mas elas não tem a minha alma". Mas não chorei mais, e não lamentei por muito mais tempo; apenas agradeci e fui desfazer minhas malas. O mais importante dessa viagem (eu espero), está gravado em mim...

...e pensar assim me faz ver que já mudei mais do que esperava.

11/06/2010

Humana

Medo de acordar, medo de ser no fim assim, diferente.
Tao pouco tempo e eu ainda preciso disso, dessa falta de verdade, esse sonho.

Entao, eu estou do outro lado do mundo... E isso nao me parece nada.

07/06/2010

Aqui...



... que me perco em cada rua pequena, assim, devagar. Me sinto aqui ainda sozinha, isolada, mas com o infinito ao observar pela janela. Nada é mais infinito do que tudo o que eu vejo. Se é pelos olhos que me vêem verdadeiramente, é também por aqui que absorvo cada gota, cada lágrima, cada toque e canto do mundo que visto.
E talvez eu volte mesmo diferente, acordada desse sonho que me parece não existir, que me pareço não merecer, em que resisto ao minimo impulso de não tocar em nada disso, deixar assim, nessa memória que tento manter imaculada.
E não sonho, não até agora, com nada. Meu sono resume-se agora, no acordar e dormir e pensar "onde estou?" e adormeço novamente, vagarosamente, sem tentar descobrir a resposta.

O estar é isso: relembrar a história ao ver as fotos, sentir de novo o vento do litoral, ver novamente as luzes do por do sol nos vitrais, o sabor das iguarias do bairro antigo e sentir novamente o terror de estar tão alto naquela muralha.

Pra sempre registrado em mim.