19/08/2012

São cinco da manhã...



... de uma noite atípica de Agosto.

Eu ainda estou um tanto embriagada, pela bebida, pelas luzes, pela música e pelas pessoas. Eu não pertenço à esse lugar. E essa sensação de vazio infinito não me pertence.
Cometi um erro, um GRANDE ERRO e voltei naturalmente a acreditar que há uma punição por confiar tanto nas pessoas. Uma garota me levou ao banheiro, apagou as luzes, me beijou... Arrancou minhas roupas. Me machucou. E eu não pude me defender... A maldita bebida fez com que ela confundisse gemidos de prazer em vez de gemidos de dor. Ainda dói. A que preço? Acabei por fingir um prazer que não existiu, camuflei uma dor que me atingiu como uma lâmina afiada entre as pernas. E a ironia é que ela não me deixou tocá-la. Eu fingi bem e consegui que ela parasse. Eu, dona do meu corpo, dona do meu próprio prazer... Roubada do direito de dizer não. A que preço?

Eu, com um corpo fragilizado pela condição de ser mulher, ela, com as mãos sujas de sangue e um sorriso irônico no rosto... Eu, me olhando num espelho revelador de banheiro de boate, me sentindo suja, usada, bêbada. "Eu avisei que eu estava nos meus dias"... "É, avisou"....

"Qual é o teu nome mesmo?" - ela ainda chegou a me perguntar. A bebida não me preservou. Revelei nome, número de telefone... "Não vou bancar a cafajeste contigo. Vou te ligar amanhã". Ela foi embora, eu chorei. Chorei por me sentir sozinha. Chorei por sentir dor. Chorei uma inocência que eu achei que não existia. A que preço? Talvez minha punição deva ser conviver ainda por um tempo com as malditas três sensações (que há muito tempo eu havia esquecido como eram): DOR, VERGONHA e CULPA.

São cinco da manhã de uma noite atípica de Agosto e eu perco um pouco mais da minha fé na humanidade.