26/08/2020

We already know it

Todos os últimos dias pela manhã rezo para que a sensação desapareça, sem sucesso. Fujo pro banho na esperança de dar alguma tarefa para minha mente fugidia e gasto o que parecem horas sonhando acordada enquanto a água quente demais escorre corpo abaixo. Discuto comigo mesma e esqueço das minhas próprias mãos enquanto elas mecanicamente percorrem meu corpo com o sabonete.

E novamente me encontro aqui, esquecida, distraída, fugidia, infinita, caótica, humana. Não há qualquer mudança que justifique isso que não seja alguma paixão infantil arrebatadora nascida de um intenso desejo de pertencer. Nada de novo.

no entanto há tanto o que dizer, que nada é falado

é só eu, no fim, sozinha, precisando
de atenção

15/08/2020

Limerence, again


é isso, de novo

estou me apaixonando de novo

uma pequena obsessão, de novo

por alguém que nunca poderia me conhecer


Fico acordada pensando no que poderia causar esse tipo de sentimento enquanto abro páginas e páginas sobre a pessoa em questão, procurando como um viciado qualquer informação, qualquer vestígio, qualquer coisa que me faça saber mais sobre ela. Patético, eu digo a mim mesma. Rio do quanto isso tudo é ridículo. Digo a mim mesma que nem na terra 45 existiria possibilidade dessa pessoa cruzar comigo na rua. No entanto o coração bate rápido da mesma maneira. Me sinto ruborizar, fico ansiosa, choro. É isso, de novo.

O quanto isso diz sobre solidão, não sei dizer.

não importa, preciso voltar pra terapia.

13/08/2020

Zenith


Dentro da banheira com a água quase fria, enfio o rosto água adentro e grito. Um grito que sai quase sem vontade de gritá-lo, tolhido pelos remédios que me fazem sentir o patamar zero. Tento chorar e não consigo. Sinto que em outro momento eu choraria, sem os remédios choraria como uma torrente em fim e aqueceria novamente a água da banheira.

O patamar zero me faz trabalhar reclamando só o suficiente para parecer normal. Me irrito e tenho vontade de me atirar no chão e dizer "não quero" esperneando como uma criança de 3 anos. Todavia não me atiro no chão e não grito "não quero", porque o patamar zero só me faz observar o chão de madeira e me perguntar "o que eu não quero?". Nenhuma resposta me vem à mente.

Essa semana parece uma cópia da semana passada, que parecia uma cópia da semana anterior e assim por diante. Tenho certeza que semana que vem será o mesmo. E a próxima. E é difícil sair do patamar zero. Me frustro com alguma frequência em não conseguir ser o melhor possível para mim mesma, em não conseguir dormir, me alimentar, me exercitar, ou respirar, mas continuo tentando, porque o patamar zero me faz não desistir ou afundar.


no fim ainda há a dança.

dentro do meu oceano no fim sempre haverá a dança.