13/07/2020

Moonchild

Faz frio lá fora e mais uma vez antes de dormir precisei ouvir aquela moça falar sobre "tudo bem ser intensa demais" como se fosse uma prece ou um hino. Algo religioso e palpável, terapêutico e curador nesses tempos incertos. Diz ela que "é violento tentar ser menos pra se caber numa relação", instantaneamente fecho os olhos e penso "amém". Ao mesmo tempo não consigo causar nada menos do que espanto, admiração e medo, o que numa fração não muito difícil de se chegar resulta em distância. Precipícios. Abismos. Me sinto um brinquedo caro demais pra se brincar, melhor deixar na caixa. Ao me tornar e melhor pessoa possível pra mim mesma eu me tornei capaz de criar conexões incríveis com outras pessoas, mas aparentemente nenhuma que queira mesmo apostar em um relacionamento. Eu sou muito pra bancar. Eu sou excessiva. É necessário confiança demais, paz demais, certeza demais em si para se estar do meu lado e aguentar o peso da minha própria intensidade.

O meu eu é exagerado. E intimida e cansa, eu entendo. É lindo, imenso, capaz de criar coisas incríveis e me faz estar no mundo de maneira inédita e intensa. Mas é inadequado e assustador.

Talvez no mundo 16. Talvez lá eu caiba.

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