13/08/2020

Zenith


Dentro da banheira com a água quase fria, enfio o rosto água adentro e grito. Um grito que sai quase sem vontade de gritá-lo, tolhido pelos remédios que me fazem sentir o patamar zero. Tento chorar e não consigo. Sinto que em outro momento eu choraria, sem os remédios choraria como uma torrente em fim e aqueceria novamente a água da banheira.

O patamar zero me faz trabalhar reclamando só o suficiente para parecer normal. Me irrito e tenho vontade de me atirar no chão e dizer "não quero" esperneando como uma criança de 3 anos. Todavia não me atiro no chão e não grito "não quero", porque o patamar zero só me faz observar o chão de madeira e me perguntar "o que eu não quero?". Nenhuma resposta me vem à mente.

Essa semana parece uma cópia da semana passada, que parecia uma cópia da semana anterior e assim por diante. Tenho certeza que semana que vem será o mesmo. E a próxima. E é difícil sair do patamar zero. Me frustro com alguma frequência em não conseguir ser o melhor possível para mim mesma, em não conseguir dormir, me alimentar, me exercitar, ou respirar, mas continuo tentando, porque o patamar zero me faz não desistir ou afundar.


no fim ainda há a dança.

dentro do meu oceano no fim sempre haverá a dança.

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