03/04/2010

Warten



Vi anoitecer e a noite cair gelada e cálida, silenciosa, enquanto o esperava do lado de fora da catedral. Vi todos os seres daquela cidade, correrem rápido por medo da escuridão apressarem seus passos espaçados em direção ao conforto incólume de suas casas. Vi os que não têm o medo, os que não se importam, e os que não tem vida.
E vi meus iguais, pessoas que esperam, assim, do lado de fora, que a porta se abra para que possam entrar ou que de lá saia alguém que esperam.
Ouvi o batente da porta velha ranger e o escuro que pra mim não era escuro se iluminar sob a silhueta dele, descendo os degraus gastos de pedra. Ele estava mais velho, talvez, com alguns fios brancos dos quais não lembrava que existiam. Desceu devagar, contando os passos em direção à rua infinita, de ar ainda carregado do dia. O vi passar por mim e lentamente virar-se para me encarar por um instante e seguir seu rumo para não sei onde, logo depois, como se passasse diretamente por dentro do meu corpo, inexistente.

"Era ele quem você estava esperando?" - Alguém do outro lado da escada me perguntou.
"Não, não era ele. O que eu espero é diferente." - Ainda respondi, abraçando os joelhos e preparada para esperar durante ainda muito tempo.

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