27/04/2010

"Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem."

Escorou-se ao meu lado enquanto eu dava espaço para ele esticar seu braço no balcão, aguardando que alguém servisse nossa bebida. Sorriu demoradamente pra mim e ficou ali ainda um tempo, me vendo cantar alguma música do A-ha em um inglês-bêbado muito errado. Aparentemente ele se divertia bastante com meu papel etílico mais engraçado.
O nome dele era Rodrigo e tinha aquela beleza que me desperta internamente, aquela beleza de uma criança muito crescida, de um garoto prematuro e muito ativo. Portava um sorriso bonito de dentes brancos e uma voz arrastada e rouca, daquelas que eu gosto de ouvir. Tinha um perfume que lembra alguém de quem eu gostava, que não me recordo quem. Olhos muito claros e astutos, alegres demais, talvez por causa da cerveja. Ainda conversamos e rimos um pouco enquanto ele divagava sobre o quanto o garoto sério ainda nos fazia esperar horas por nossas bebidas. "Pelo menos temos música!" - eu ainda disse, antes que começássemos a dançar ali, escorados no pedaço apertado do balcão. Ele chegou a me perguntar se eu estava sozinha, disse que me achava muito simpática e engraçada. Eu disse que não, "Meu namorado está ali atrás" - e apontei; "Tudo bem, eu quero só dançar!"- ele disse, e ainda dançamos por muito tempo esperando uma vodka que nunca vinha.


Mas a vodka um dia veio e eu não o vi mais.
Talvez eu não o veja mais, nunca, mas não faz diferença, a vida é uma série desses "perder-se e encontrar-se" que eu aprendi a admirar. E eu vou lembrar dele ainda por um tempo, porque aquela dança perdida no meio de tudo me fez melhor do que todo o resto daquela noite.

Um comentário:

  1. As vezes esses acontecimentos inesperados no meio da noite valém mais do que mil anos de histórias bonitinhas.

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