11/07/2009

So many things

Disse pra mim mesma que eu não precisaria ser coerente, não hoje, não agora em que grito neste poço sem fundo até que ele transborde.
Então, se eu ler isso amanhã ou depois, não vou precisar entender. Estou cansada de analisar as coisas como em um tabuleiro de xadrez.


Me sentei na cama morna, meio perdida na semi inconscienência que eu tanto gosto. Levei as mãos aos olhos para que eles não se abrissem, porque queria guardar aquele momento por mais alguns segundos dentro da minha mente, para que não se perdesse.
Sinto uma mão no meu ombro, puxando para que eu me deitasse de novo, "Ainda não está na hora Jess."
Eu não queria que ele me interrompesse e as imagens se desfariam como névoa. Mas não. Elas não se desfizeram. Era um sonho bom demais para que se fosse tão rápido. Sorri no escuro com a idéia tão perfeita. Um sonho que eu pudesse guardar enquanto vivesse, aqui, em mim.

"Eu andava em uma casa familiar, luz morna, mas na rua a claridade das quatro da tarde era interrompida por uma atmosfera de chuva. O tempo agradável, mas sabiamos que iria chover.
Saimos as duas de casa, de pés descalços, de mãos dads, ela me puxando. Perguntei à ela se não iria fechar a casa antes de sairmos. Ela respondeu 'Não. A casa está protegida'; eu a questionei. 'Tenho uma adaga no meu coração'. Não entendi, mas ela me puxou pelas ruas úmidas, de terra fofa. Me lembro quando a chuva começou a cair e as pessoas corriam para se proteger, mas nós ficamos lá e tudo era muito real. De maneira lógica eu via tudo. De uma maneira fria, sentindo as coisas como elas eram, por um pouco mais de dez segundos, eu tive olhos reais e fiquei paralisada ali, como se o tempo tivesse simplesmente parado.
Eu vi as gotas cairem uma-a-uma, como em camera lenta, tocarem a minha pele e acompanhei cada reação de cada centimetro da minha pele ao sentir a àgua ínfimamente fria.
Eu estava feliz, eu estava simplesmente radiante, eu estava tão bem que poderia sair de mim e nunca mais voltar, eu estava pronta pra ficar, ali, sabendo que era um sonho. Eu estava pronta pra ter o inevitável. Eu estava pronta para aceitar que se amanhã ou depois eu morresse, não faria diferença, porque em minha mente eu era completa.
E foi assim. Eu ainda sentia a mão dela na minha, e nossas peles eram mornas, porque ela havia pego um pouco do meu calor para se sentir humana."



Eu não iria escrever isso aqui.
Mas me sinto tão infeliz com tudo isso que milhares de caixas de pensamentos não iriam bastar. Eu escreveria até que as minhas mãos caíssem, até que as caixas acabassem, até que as pessoas ao meu redor secassem e eu ainda não teria despejado metade dos pensamentos ali.
Às vezes eu só preciso sair do controle, sair de mim. Em um mundo seguro que me encontro, as coisas que eu faço são tão previsiveis que eu implodo todos os dias. Esqueci que meus sentimentos poderiam ser tão destrutivos comigo mesma e com as pessoas à minha volta. Muitas coisas assim ainda estão por vir.

Preciso enlouquecer, fugir, ser irresponsável, nua de mim mesma. Preciso parar de me impor tantas coisas, preciso ser mais simples com tudo. Para voltar na segunda-feira a ser a boa e velha Jéssica de novo.

Um comentário:

  1. Queria escrever tão bem assim.

    Se eu não me confortasse em ser bom em inventar, criar coisas fantásticas que surgem do escuro e mancham um céu colorido e vibrante, num mundo mais antigo que o nosso e que refugia-me da minha própria solidão plantada, mesmo não sabendo por palavras bonitas nos lugares certos para expressa-lo (como tenho a mais absoluta maneira que tu o faria melhor que eu), me sentiria ainda mais medíocre diante dos teus textos.

    Que tudo fosse simples.

    Que eu tivesse ido a tua formatura.
    Que aniversários nossos não tivessem passado em branco.

    Que eu ainda encontrasse num abraço gostoso teu, o sentimento mais puro de um irmão, que por vezes a minha insanidade me faz acreditar ser um fato.

    Falta o abraço.
    Acho que certas coisas nunca morrem. Pelo menos pra mim.

    Sabe...
    Falta uma parte minha.
    É lembrar da minha Jess, das nossas tardes, dos nossos segredos, do amor que saía de todos os poros do seu corpo, das conversas sobre coisas as quais eu nem fazia idéia sobre a anatomia feminina, no inicio de uma manhã.
    Do abrço protetor enquanto meus mundos medíocres, ilusões, desmoronavam, e só ela estava ali para ser meu chão. Mas acima de tudo, do sentimento de recíproca, tão forte quanto o mundo. Amor indo, amor voltando. Irmã.

    Flashbacks me turbinando de um sentimento de mais puro prazer e felicidade como eu só senti igual, quando de fato ocorreram os fatos, e nunca mais.

    Devo ser um bobo mesmo. Superestimo tudo o que aconteceu no passado, enquanto vocês duas permanecem em suas bolhas virtuais, e nada mais.
    Mas como é possivel eu negar coisas tão fortes que senti? Como é possivel esquecer? e seguir em frente? É isso que eu devo fazer?

    Me sinto impotente, quando penso que minha absoluta, plena felicidade, só vai existir MESMO, quando eu puder sentir aquilo tudo de novo. Ou seja, condenado a morte, eu, praticamente.

    Por isso,
    Queria escrever tão bem assim.

    Para ilustrar em palavras e deixar inesquecível, e vivo, e forte, aquilo tudo que me faz tanta falta. A falta dela. A falta tua.

    Por vezes a cartola me caiu sobre os olhos, e me perdi em meio aquelas luzes, e listras em preto e branco, esquecendo da essência.
    Por vezes o coelho correu atrasado, stressado, para o seu trabalho, e mais tempo passava. perdido.

    Agora resta o gato, que parece estar em outro mundo, e tenta vez ou outra, se comunicar. Se perde em devaneios e fala coisas loucas e imcompreensíveis.

    Talvez, na esperança, de que a menina logo retorne aquele gramado, daonde partiu.

    Pode o mundo ter virado de cabeça pra baixo. Circuntâncias demonstrarem o contrário. Humores fazerem embaralhar as cartas.

    Mas eu juro, que nunca na minha vida, senti algo tão gostoso quanto o botar de uma irmãzinha daquele inesperado escuro.
    Talvez mais forte, só a saudade que ela deixou quando partiu.

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