26/07/2009

Blackjack

Nota mental: É claro que Pan não deixaria de vir. Ouço ele cantando e dançando e ruidosamente batendo os cascos no piso do meu quarto propositalmente roxo. Seja bem-vindo, criança.



Não me culpo mais por querer tudo de volta. Mas sei que é uma atitude egoísta querer que as coisas voltem como eram antes, eu mudei, nós mudamos.
Preciso de contato. Preciso saber que estão bem... e bem... achei que essa seria mais uma noite em que eu estaria vigiando o coma pesado da personificação de tudo o que eu prezo... onde ele estaria respirando pesadamente enquanto eu estaria contando seus fracos batimentos cardiacos ao lado da cama asséptica. É claro, eu assinei os papéis para deixá-lo ali, sedado, parado no tempo, mas não consegui. Foi uma atitude responsável, but i don't want this anymore. Not for me.
Quis mover seus dedos, aumentar seus batimentos cardiacos, fazer sentir medo, ódio, angustia, alegria, qualquer coisa... Quis fazê-lo sentir, reagir. Com os meus lábios indecisos beijei o contorno do seu queixo e seus lábios mornos. Ouvi sua respiração pesar vagarosamente, e seus olhos ônix abrirem diretamente na minha direção.
Houve um baque surdo na minha mente. Eu podia movê-las. As montanhas, e eu faria chover nelas. E as flores, eu faria brotá-las do chão e encher o ar com cores.

Eu tive muito medo, um medo primitivo. E ainda sinto que poderia ter perdido vocês dois porque não fui rápida o suficiente, porque fui cega demais, porque acreditei que seria possivel esquecer, mudar minha vida, meu endereço, meu telefone e meu corpo para que ele fosse menos receptivo à coisas que me deixam tão frágil.

Preciso vê-los, preciso provocar a tempestade em mim, preciso provar pra mim mesmo que é possivel. Ou que definitivamente, meses de loucura não valeram de nada. Preciso definir a faixa que determinou o fim (ou o começo de tudo).



Bem... Meu nome é Jéssica. Fiz 21 anos, mas parei de contar intelectualmente quando ainda tinha 17. Trabalho numa multinacional há quase um ano, mas isso pra mim quase não faz diferença. Não faço o que gosto, mas acho que gosto do que eu faço. Coloquei aparelho ortodontico à quase oito meses. Me sinto portando uma armadura medieval dentro da boca.
Fui uma boa menina esses ultimos tempos: comprei um carro, mantive um relacionamento de mais de um ano, chorei o bastante para aprender que esse tipo de coisa só se faz escondido caso não queira chocar as pessoas. Adquiri medo de andar de moto, mas é quase como ir contra meus instintos. Enquanto eu ando é como se eu tivesse 152 pessoas gritando na minha cabeça "Pare a moto agora! você vai se matar!", mas eu aprendi a me divertir com esses avisos.
Não bebo há muito tempo, não lembro qual foi a última vez que fiquei bêbada de verdade. de repente, beber virou algo que eu faço pra voltar no tempo ou simplesmente não me importar com que os outros irão pensar de mim quando me virem chorando. Aliás, eu aprendi a chorar sem fazer careta. Me faz parecer menos dramática.
Eu ainda sou dramática, muito. E agora, quando me canso, eu só fico mais e mais complacente (embora ache que sempre fui assim, agora eu achei um nome pra isso).
Ainda danço pra externar a dor, a tristeza, a frustração... E é como drenar um vulcão.
Tenho feito menos passeios, tenho saido menos. Não me importo de permanecer ao seu lado como mais uma. Temos vidas paralelas, o mundo não parou de girar. Não me importo... Desde que eu esteja lá, não pode doer mais do que já dói ou doeu... Alimentar amor com loucura já foi doloroso bastante pra que durasse tanto mais tempo. Preciso alimentá-lo com fogo.
Todos os dias penso em vocês. São coisas pequenas - Como eu gostaria que eles estivessem aqui comigo; Como eu gostaria que ela visse isso; Como esse lugar seria mais divertido com ele. Ainda amo vocês e a intensidade ainda é a mesma... Afinal o ódio nunca foi o contrário do amor, só um irmão destrutivo...
Sempre tive medo de sentir a indiferença. Em meus pesadelos com vocês, meu maior medo estava lá... Em um dado momento eu não sentia nada e ia embora, como se não conhecesse vocês, totalmente chocada com o que havia acontecido e diversas perguntas vagueavama minha mente: "Por que? Amor? Alegria? Frustração? Medo? Ódio? Alguma coisa? NADA? SIMPLESMENTE NADA?"
Eu ainda vou ser a criança com cabeços dourados, visitando o imaginário de um parque de diversões, mas se me virem de perto ainda estarei esquiva, porque as queimaduras ainda doem e nada volta de uma hora pra outra. Estou consciente de que não somos os mesmos, não por fora.

Não lembro do tom de voz de vocês. Eu lembro do calor das vozes, mas não do tom. It makes me sad.

Eu lembro um dia em que ela foi à minha casa e disse que éramos estranhas uma para a outra, outras pessoas. eu ainda me recuso a não enxergar vocês dentro disso tudo que a gente se tornou. Eu quero lutar, foda-se o mundo, eu quero lutar mais uma vez. Eu quero enlouquecer de vez ou colocar tudo no lugar, meu Deus, como eu quero!

Preciso de contato crianças. Um telefone, um e-mail ao qual ainda usem, msn, horários.
Ainda vamos nos ver de perto antes que tudo acabe?

8 comentários:

  1. se voce esta ai...e ... oh diga que está....... me adiciona no msn novamente.... ja foram tantas vezes... -__-
    estranhaonline@gmail.com

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  2. Bem... Meu nome é Wagner. Fiz 22 anos, mas parei alguns anos e muitas memórias foram perdidos em meio a loucura e os remédios para acalma-la. Não trabalho mais. Tenho o "azar" de não parar em emprego algum por mais de alguns meses. Por isso valorizo tanto os anos que vocês duas aguentaram. (-qq). Meus dentes amarelam por causa docigarro a mais de oito meses. Me sinto portando uma nuvem de fumaça podre porém satisfariamente relaxante dentro do pulmão.
    Não fui um bom menino esses ultimos tempos: Briguei com meu pai, tive vontade de colocar veneno de rato na comida da minha madrasta. Sofri durante horriveis quatro meses a mais, antes de explodir e sair de la. O que ocasionou coisas boas, outras nem tanto; Moro na minha mãe agora. Aqui eu vivo em meio de pessoas que se importam um pouco mais comigo do que na antiga casa, aqui eu posso trazer quem u quizer, mesmo que ultimamente, eu não tenha trazido ninguém por isolamento agudo e falta de amigos de carne e osso. Minha mãe adora gays e lésbicas, e me acha um garoto solitario, reclama tambem eu nunca trazer ninguém para dormir aqui. Não tive mais relacionamentos amorosos, paixões crônicas, ou noites quentes no inverno. Alias, a única coisa mas "crônica" por aqui, é o exemplar único das crônicas de nárnia, e meu acalorado hábito pela leitura. Minha vida se resume a ler e escrever ultimamente. Meus amigos então dentro da minha cabeça, e pro vezes este mundo semostrou muito mais interessante que o aqui de fora.
    Não bebo há muito tempo. (por causa dos remédios). Consequentemente não bato e nem mordo ninguém há muito tempo também.
    Gostaria que me ensinasse a chorar sem fazer careta. A careta de alguém careca chorando, não é muito bonita.
    Tenho feito alguns passeios, meu ultimo foi ao zoológico com a minhamadrinha. Éla é ótima, tem 50 anose gostamaisde harry potter do que eu. Ela também está no livro. Aproveitei o passeio ao zoo para exercitar minha fotografía. há muito eu achava estar extinta. e também para relaxar, rir de um urso dançando, e pensar em como ele se parece com o Sir Yorek barnisson, de A Bussola de ouro. Aprendi não dá boca pra fora,mas realmente me relacionar muito bem com a natureza, afinal, é meio difícil jogar um toco de cigarro no chão, quando se tem medo de atingir a cabeça de um pequeno Hobbit logo ali. (Sim, estava lendo Tolkien no dia do zoo).

    Todos os dias penso em vocês. Todos os dias eu escrevo vocês.
    Não são coisas pequenas - são algumas horas matando saudade.

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  3. Não há dúvida alguma, de que ainda amo vocês e a intensidade ainda é a mesma.

    A Jess com cabelos rosa, continua com o seu magnífico tom humorístico. E a Samira com sua luva marfim, continua com uma oz extremamente doce, e com uma carinha inocente de quem não é deste mundo, e não entende direito todas as coisas humanas.

    Sempre tive medo de sentir a indiferença. Mas entendi que uma cançou de brincar de boneca, teve de crescer, ter sua casa, seus gatos, na cidade do rock. E que a outra com muito rescentimento esmagou todos os poros das flores. Sem amor algum. com ódio.

    Estou consciente de que não somos os mesmos, não por fora. Eu principalmente. HAHAHA.

    Sempre odiei a calvisse, e por muito tempo a tentei burlar. Apliques, boinas, cremas, enfim.

    Mas... estu me acostumando com o novo Olga's Style.

    Eu lembro do tom de voz de vocês.
    Em vocês duas, é um item muito marcante, e distinto.

    Me lembro inclusive, que é tãããão "Wagner" modificar um texto da Jess como se fosse o "texto irmão" aquele.

    não tenho um contato crinaças: Não tenho telefone. Nem mesmo celular. não uso msn a muito tempo. esqueci de comentar, mas eu tenho uma irmã chata agora. Que raramente me empresta a internet. Por isso o único meio de comunicação razoavelmente eficaz, é o orkut, ou meu g-mail, o mesmo do orkut. razoavelmente eficaz pois ela está por não me emprestar a internet ultimamente. Ou seja, eficaz mesmo, só o pessoal. Uma visita e um abraço *-* hehe.

    Casa da mamãe: Waltornilo H. Maciel, 395. Colina.

    Ainda vamos nos ver de perto antes que tudo acabe.

    Alguém tem uma boa idéia, praum encontro de velhos amigos?

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  4. Não, eu não revisei antes de postar x__x

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  5. E em minha defesa, escrevi deitado, em frente a um lap top estranho, e emprestado, do diferente, e e e... cãibras >.<

    nhu :~

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  6. E Jéssica, peloódiodosorcs, por que você não responde as coisas pelo orkut? xD

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  7. O blog abaixo plagiou um texto seu que começa assim: 'Meu beco favorito. Minha concepção de lugar seguro. Um lugar onde eu posso me esconder quando eu estou com medo'.

    A moça esqueceu de dar os créditos.

    http://hiperlativa.blogspot.com/2009/07/das-luas.html

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  8. Ah, tem outros textos seus lá. Vários, inclusive.

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