
E tudo vai pelos ares.
Parabéns, Jess. Você conseguiu.

E tudo vai pelos ares.
Parabéns, Jess. Você conseguiu.

Onde se escondeu tudo isso? Onde está aquela sensualidade encarnada, vermelha, latente que vivia em mim?
Aquela sensualidade dos seios quentes de menina nas curvas da mulher prematuramente concebida nas unhas pintadas de vermelho?
Adormecida agora, embaixo de grossos panos pretos, repousando branca e cálida, sentindo-se intocada e intocável, inocente e nunca revelada. Mas que eu sinto pra sempre queimando, agora em uma caixa bem guardada, congelada, no âmago do meu ser em constante transformação.
Esperando pacientemente pra me arrebatar novamente, na próxima fase da minha lua, no próximo toque alheio vindo do escuro, para me incendiar os dedos, para abrir a caixa selada, trancada, amarrada, numa tentativa de ser controlada em mim. Para reacender os meus olhares baixos, pra deixar minha boca seca, sedenta, pra me tirar de mim, pra me cegar a visão e me guiar as mãos tateando no escuro. Pra me calar a voz, pra me coçar o estômago, pra me despertar de mim mesma.
E eu espero ansiosamente por ela, a minha viciante feminilidade perdida.
Saudade de quando eu era menos complexa, de quando todas as coisas me fascinavam de uma mesma forma inocente e bela, de quando não havia tantos sentimentos, bons ou ruins.
Eu me escorei no balcão do bar cheio de gente com um copo de vinho vagabundo em uma das mãos. A minha famigerada ex-futura acompanhante já havia ido pra casa ha algum tempo, com um quase coma alcoólico. Frio glacial, companhias duvidáveis, bebida ruim, música pior. "Maldita noite que eu escolhi pra sair de casa".
De todas as coisas e das lembranças, e dos ensinamentos, que seja tudo o que cremos, que seja irreal e palpável, que há o que de bom imaginávamos, que não haja mais dor, não mais.