13/04/2016

Why do I feel like this?

O que eu estava esperando?
O que eu estava esperando?
O que eu estava esperando?
O que eu estava esperando?
O que eu estava esperando?
O que eu estava esperando?
O que eu estava esperando?
O que eu estava esperando?
O que eu estava esperando?
O que eu estava esperando?
O que eu estava esperando?
O que eu estava esperando?

De mim e de mais ninguém?

Mas não há nada, não há absolutamente nada, há um buraco, algo rompido, pedaços de coisas espalhadas pelo chão, desconectados (meus braços jogados de um lado, minhas pernas de outro, minha cabeça recolocada cirurgicamente sobre o pescoço, mas tudo sem unidade que segure meu corpo no lugar) e um silêncio morno, como nos dias de baixa pressão atmosférica, como aquela urgência de aplacar a desigualdade de polaridade entre o chão e a terra. E tem eu aqui, sem um tanto de rumo e sem coração, sem lágrimas, agarrada a um pânico seco e infértil que tenta desesperadamente me jogar com o nariz aspirando a poeira do assoalho e arrancar fio por fio dos cabelos da minha cabeça.
Não há certeza de nada, há somente as vozes familiares, mornas que me dizem pra ser positiva, que me dizem que vai ficar tudo bem (é só dar o último adeus!), que me dizem "eu vou contigo", mas ficam enclausuradas aqui dentro. Troca-se lâmpadas e a luz branca faz qualquer coisa com os meus olhos que me deixa desconfortável, como se eu estivesse internada num hospital chamado casa. Tudo tem o mesmo cheiro, toda a comida tem ao mesmo gosto (amargo, seco, inquietante) e eu tento criar qualquer ligação, qualquer laço com a pessoa que me olha com olhos secos do espelho. Há elogios, mas não consigo ficar feliz porque sinto que não sei do que estão falando. Há qualquer coisa perdida da concentração, algo que deixei cair no caminho e saiu rolando barranco abaixo e eu não pude fazer nada pra conter.
Mas há incontestavelmente a ideia obsessiva de que tá tudo bem, de que eu não fiz falta alguma, e que é possível sustentar uma ausência (de quem? de quem?) o que me faz pensar que eu fui embora tarde demais ou cedo demais ou demorei demais pra voltar (ou voltei muito cedo?). Há sim algo perdido, um ruído branco que é facilmente confundido com a sutileza do silêncio, mas está no fundo, esperando pra se tornar um grito.

A fera por trás dos arbustos me espreita e espera, num deleite sádico, que eu morra antes que ela precise atacar.


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