24/04/2016

em dias bons



em dias bons eu não sinto culpa.
sinto qualquer coisa parecida com a serenidade de dias de dever cumprido. sinto quase como se eu não devesse nada para o mundo, como se não houvesse obrigação de nada e tudo o mais estivesse exatamente onde deveria estar. EU estou onde deveria estar. sozinha, como deveria ser. confortável com o silêncio como deveria ser.
em dias bons eu sei o porquê de tudo, do alto de uma tranquilidade quase apática, algo como perguntar "por que?" se transformando em "por que não?", uma meia estação, uma temperatura ambiente, chuva na janela e chá de maçã com canela. em dias bons eu pareço ter razão, pareço racional, pareço razoável e me sinto tão sóbria, tão sóbria. em dias bons eu observo o abismo e ele me observa. não há nada que me abale daqui de cima, não há amor, não há tristeza, não há extravagância ou exageros, não há gritos, não há choro nem lamentos. de fato, não há nada. apenas eu e um silêncio tão delicado que poderia ser descrito como qualquer coisa entre o diáfano e o palpável.

dias bons me assustam quase tanto quanto dias ruins.

Um comentário:

  1. Podem te arrancar um braço, uma perna,e talvez você continuará vivendo.

    Mas a alma.

    Sem ela, você é apenas uma caixa de ossos chacoalhando por aí.

    Não há nada melhor do que sentir a plenitude, fazer as pazes consigo, nem que seja por quinze minutos.
    É o melhor momento que uso para questionar tudo que me cerca, em que eu sinto coragem para sair da plateia e desempenhar o papel principal do que eu quero "ser", e quem quero "ser".
    Mas sempre nestes momentos uma dúvida me assombra, quanto tempo isto vai durar até eu voltar ao automático, e as crises de ansiedade tomarem conta de mim mais uma vez?

    Você merece ser feliz anjo!!

    TE AMO!

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