14/01/2012

Speechless

Respirei fundo mais de uma vez, pensando em não pensar. Atrás de mim algumas vozes conversavam sobre suas vidas e sobre como elas eram prósperas e cheias de aventura. Concentrada, eu sentia meus lábios em um sorriso silencioso de desdém.
É claro, meus amores, um pulo desses faz com que a gente pense em tudo, em todo mundo, tome ar até que o peito dobre de tamanho e o fluxo intermitente de adrenalina faça com que o buraco de bala que tem no meio do teu coração se encha do sangue morno que tu vai espalhar no asfalto quando chegar lá embaixo. Pula, meu bem, pula. Ninguém te viu se aproximar da janela, ninguém te viu abri-la.
Eu sei que você calculou isso, e eu sei que você tentou evitar. Mas a noite estava tão doce e fresca e clara. E as pessoas pareciam felizes com suas vidas brilhantes... Eu deveria ter apagado as luzes, seus corpos brilhando na escuridão... Era isso que eu queria ter visto pela última vez. Eu não merecia aquela lua tão bonita.
Eu não senti medo, só aquela sensação de choque partindo do centro do meu peito em direção aos meus braços e pernas, estremecendo meu corpo. Eu não fiz barulho, ninguém me viu pular, e a única coisa que eu ouvi foi o vento entrecortando rápido próximo aos meus ouvidos. Nenhum grito, nenhum lamento, ninguém me impediu. E a lua cobriu-se de nuvens pra depois se revelar mais bonita e mais branca.

Um último pensamento... "Eu não me arrependo".
E meus olhos abrindo-se antes mesmo de se fecharem: "Eu não te amo mais".

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