31/05/2010

Fundo Falso

Pensei nos inúmeros pecados que havia cometido, e refleti sobre essa minha condição, tão humana, mas tão fora ainda da realidade. Entre contas, dinheiro, riscos no calendário, papéis e documentos, não vi objetivo de vida nenhum. Aquilo em minhas mãos, nada era real, nada é real ainda.
No fundo ainda guardo essa percepção que se abate sobre mim de vez em quando, essa percepção de que o "ver", "saber" e o "conhecer" não me é nada, de que nada que eu faça vai salvar minha alma do fim inevitável. Ainda sou cheia desses pequenos medos cotidianos. E penso que esse processo vai me mudar demais, desnecessariamente, ainda para pior.
Não sei se sinto prazer ainda nessas coisas, nesses atos materiais, quando meu objetivo é algo que já está tão próximo. Fico pensando o que virá depois, qual será meu objetivo? Esses pequenos prazeres da vida duram tão pouco que quase não valem à pena.



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As malas estão prontas, as passagens, os papéis, o dinheiro, mas ainda sinto esse vazio e saudade que não cabe em mim, dessas coisas que nunca aconteceram. Me parece que estou partindo e deixando algo meu aqui, um pedaço importante. Sempre vou achar que não volto, sempre vou sentir essa urgência de que não quero me separar de mim mesma. Não consigo deixar de sentir o inexistente, mas esse é o inicio de um adeus, pelo menos de mim para mim mesma.

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