04/03/2010

Das coisas óbvias - Força

Há cerca de três ou quatro dias atrás escrevi um texto simples. Ele falava sobre a força que eu tenho e do quanto essa força é incontrolável. No texto eu divagava sobre a origem dela e o fim e sobre como eu me sentia infeliz e abandonada quando ela ia embora, como se ela nunca tivesse existido, como se eu tivesse novamente incompleta.
Enquanto eu escrevia, em um documento do bloco de notas do computador, faltou luz e eu perdi o texto. Fiquei ali, com os dedos tocando o teclado, imóveis, olhando para o monitor na penumbra da luz de emergência do escritório.
Nesses últimos dias foi como se tudo tivesse ido embora, a força e a vontade de escrever e eu me senti absurdamente frustrada.

Mas é isso, a síntese do que ocorre comigo, a força da qual eu tinha escrito... Então ela existe e é forte e sólida. Está lá, visível, amedrontadora, firme, segura. Não tem medo e não tem pena, só mete o pé na tampa da caixa, sai derrubando portas e paredes e arrasa com tudo sem que eu saiba o que se trata e eu assisto tudo como num sonho lúcido ruim. E basta um interruptor ser desligado e ela vai embora como se nunca tivesse existido. E eu fico ali, com um sentimento de impotência e abandono, pequena e desolada, pensando "Ah, mas que merda";
E depois, talvez muito tempo mais, algo sai do script e ela volta sem aviso, sem que eu tenha controle da situação.
Eu lembro de ter escrito e ter criado alguma teoria sobre essa energia destruidora que eu guardo nessa caixa enorme, mas não me ocorre nada agora.

E rezo todos os dias por não ter mais nenhum apagão.

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