31/08/2017

Devoção

me ajoelho no umbral, exausta, e finalmente deixo alguma luz entrar
me abraço nos seus pés, faminta e esgotada
como a criança que sou, frágil e curiosa abro muitos os olhos pra entender
por quê eu deixei de te ter na minha vida tanto tempo
se tudo o que te traz comigo é fuga, como eu poderia ter te deixado fugir?

se o paradoxo me extingue,
como ainda consigo me surpreender com o arrepio na minha pele?
com o calor no meu rosto ou com a minha boca seca?
com qualquer coisa vindo a galope no fundo do meu peito, tambor de guerra insuspeito nas esquinas da minha mente, olhos sem pálpebra na escuridão, boca em sorriso de desdém?

eu prendo a respiração e minhas mãos suam
eu acredito (mesmo sabendo que isso é só outro tipo de ilusão)

mas se esse é o único prazer que eu consigo me permitir sentir...

M E D E V O R A
M E D E V O R A
M E D E V O R A
M E D E V O R A
M E D E V O R A
M E D E V O R A



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