11/06/2012

We can dance forever


Aspiro com força teu perfume forte, ouço ele batendo fundo na minha cabeça enquanto eu fecho meus olhos, sinto o aroma fazer uma volta longa no meu pulmão, pegar denso no meu peito. São milésimos de segundo em que a ponta do meu nariz encontra a curva sensual do lóbulo da tua orelha bem feita.
Se eu me desviasse talvez, baixasse meu olhar por um segundo, o mundo pareceria menos real. Você tira uma mecha de cabelo da minha bochecha que eu deixei cair de propósito. Passa a mão morna no meu rosto, acaricia minha nuca, sorri, dança comigo, espreme teu corpo contra o meu num abraço que varia entre o protetor e o carente. Mas eu sei o que acontece na minha frente, vejo meu reflexo brilhante nos teus olhos de álcool, vejo tua intenção e sorrio. E eu cada vez mais aprecio.
Estendo o braço, pego na ponta dos teus dedos macios e eles deslizam pra longe. Isso se repete infinitamente, e no final, dormimos exaustos de uma noite de festa e nossas mãos continuam entrelaçadas.

Eu me acordo assutada, teu perfume ainda na minha cabeça, tua mão ainda na curva das minhas costas.
Você vai embora, se despede com um novo abraço apertado, um "se cuida, criança" e parte pra casa em meio à alguns tropeços sem ritmo.

Eu não sei se me preocupo com você, e no final, deito e durmo tranquila enquanto meu telefone toca enlouquecidamente. Alguém me liga. É você. Mas é o vinho me ligando. Você quer dizer que me ama, que me quer ao seu lado. A música do celular entra nos meus sonhos até que eu deixe de percebê-la. Mas eu não atendo...




E tudo fica bem, no final.
Eu não me importo, você se esquece.

Da porta pra fora, a amizade manda lembranças.

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