23/06/2012

Jogos Mortais



Hoje eu sofri.
Na frente de toda uma platéia séria, de sobrancelhas cerradas, fui chamada de coisas que nunca pensei ser chamada antes. Corei rosada, vermelha. Segurei um choro que trancava, que sufocava. Engoli uma saliva viscosa que teimava em atravancar na garganta. Do vermelho pro roxo, do sorriso pro desespero. Desespero. Sorri nervosa, disse que desistia. Eu não sei brincar disso. Eu não sou forte o suficiente, nem engraçada, nem nada. Eu não sou nada. Quero ir embora.



Me fizeram ficar. Me fizeram encarar os olhos inquisidores.
Meus olhos davam uma volta completa e encontravam o chão. Copiosamente, concreto cinza e vergonha.
No meu ouvido, apenas vento e pássaros. Nos meus ombros todo um peso de estar sendo julgada.
Uma lágrima me fazendo cega. Não caiu no chão, não rolou no rosto. Nem secou. Ficou ali, se fazendo pesada e visível num rosto deformadamente ridículo. Uma máscara. Uma máscara ridícula.



Isso não é um drama. Supostamente isso é uma comédia. E eu estava mesmo sendo patética.
Um passo de dança. De novo. Ninguém riu. De novo, faz de novo. "Isso é graça? Porque ninguém tá rindo"
Então um pavão. Um pavão fêmea. Um pavão fêmea em acasalamento. "O que?"

Uma risada despreocupada; Lá no fundo outra. Até que eu escorregasse na mentira, afinal eu não sou um pavão. Um chingamento aleatório, o ego, minha amiga, o ego sempre fode a gente quando a gente não quer.






Declaro aberta a temporada de Jogos Mortais. Teatro é máscara, mas também é desconstrução.
"Te senta, Jéssica. A gente tá só começando"

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