29/12/2023

as batalhas que as vezes a gente tem que entender que perdeu

Paixão, na maioria das vezes, é ego.
Nasce e se alimenta da projeção do que pode ser. A possibilidade do prazer no outro, apego sem freios no reflexo que se vê à frente. A atenção que falta. A completude do inédito. A felicidade na oportunidade de não saber o que nos espera.
É o não saber que exaspera. É a migalha que alimenta e sacia.

Ele foi isso pra mim. A atenção que eu já havia esquecido ter desejado há muitos anos atrás. O padrão. O padrão que me permiti perder de vista quando entendi que essa era uma batalha que não competia a alguém como eu.

Mas eu surgi na vida dele como uma boa ideia. Eu sempre fui uma boa ideia, mas assim, renovada e madura, pareci ainda mais tentadora, ao que parece. Eu pareci uma exclente teoria e eu sempre soube disso. Eu sempre fui o completo oposto de tudo o que ele me contou ter ao seu lado. Não fazia sentido no começo, mas entendi rápido que eu era o brinquedo novo que ele nunca teve e isso me tornava desejável.

Eu escolhi continuar, ciente e não idealizadora, até o ponto de me dar conta de que aquilo parou de ser um jogo aceitável de prazer infantil pra ser racionalmente e profundamente emocional. Mesmo assim eu não tinha nada a perder ou esconder e continuei.

Mas não dá mais. Perdi essa batalha e dói uma dor terna e meio pesada. Não há nada que ele possa me dar que justifique todas as más escolhas que me esperam a partir daqui se eu continuar. Não há possibilidade de migalha que compense todas as coisas reais que advém disso tudo. E eu não colocaria outras pessoas em risco emocional por uma relação egocêntrica e não recíproca. A migalha não compensa a congestão.

Eu não queria escrever isso. E no entanto eu escrevo. 

Eu queria chorar, mas é engraçado como eu choraria pelo término de algo que nunca começou de verdade. Ele nem vai ficar sabendo ou sequer vai notar, mas algo mudou profundamente em mim. A culpa não é dele, é minha por ter projetado o que poderia (e nunca vai realmente ser).



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