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12/02/2015

Oh, you know it is frightening

Transformar-me de dentro pra fora: vomitar minhas víceras, me tornar fraca pra me tornar forte. Respirar fundo e entender que as coisas só acontecem quando devem acontecer.
E que não há força mental que altere o tempo e a maneira em que ele deve existir.
E eu posso contruir castelos de cartas, viajar a outros lugares, tomar minhas coisas e amarrá-las às minhas costas pronta pra ir embora... e nada pode acontecer.


E ta tudo bem (?)


21/01/2015

Isso é sobre o espaço e sobre os relacionamentos...

...(e tudo aquilo que eu desperdicei).

Faz tempo que eu quero escrever sobre espaço. Sobre a necessidade dele. Sobre o espaço que as pessoas precisam ter, sobre a espessura do ar que é necessário para que uma presença não esteja lhe invadindo mais do que o mínimo para se sentir incomodado.
O espaço é necessário.
O ar é necessário.

Também é necessário entender que na verdade esse ar que eu respiro com gosto de solidão é só uma desculpa pra pensar que isso [a solidão] acontece porque eu quero.






...e muito embora eu saiba que todo mundo no final morre sozinho, parece que eu nunca vou saber o que fazer com todo esse espaço.

12/04/2013

Assimilação

"(...) Oh, Maga! Cada mulher parecida com você trazia como um silêncio ensurdecedor, uma pausa, rendada e cristalina, que acabava por murchar tristemente, como um guarda-chuva molhado que se fecha. (...) Mais tarde, acreditei naquilo que você me contou; mais tarde tive razões para isso, pois houve Mme. Léonie, que, olhando a mão que dormira com seus seios, Maga,  me repetiu quase as mesmas palavras que você tinha dito: 'Ela sofre em alguma parte. Sempre tem sofrido. É muito alegre, adora o amarelo, o seu pássaro favorito é o melro, a sua hora é a noite, a sua ponte é o Ponts des Arts.' (Uma barca cor de vinho, Maga, e por que razão não teríamos ido nessa barca quando ainda era tempo?)"

Julio Cortázar, em O Jogo da Amarelinha

01/07/2012

Sobre chegadas e partidas

É isso, a vida é feita de infinitos recortes e retalhos. Essas crianças criam asas, voam pra longe de casa, tomam o mundo, abraçam a vida. Eu fico aqui, ainda, sorrindo... Vendo esses vôos altos... Do chão.
Eu consigo me sentir perfeitamente triste e saudosa. Nostálgica às vezes.
Pensar que fui abandonada, me sentir uma vítima das circunstâncias, porque é fácil pensar assim.

...Mas... e quando a primeira a abandonar... fui eu?
Que direito eu tenho, afinal, de me sentir assim?


14/05/2012

The sun will warm our souls

Dançar num derrear infinito de retornos, tocar seus rostos breves de inocência.
Erguer meu corpo acima do limiar dos sonhos, conhecer talvez mais um ou dois pares de pés brancos tensos em saltos impossíveis.
Colar meu lábio entreaberto na fronteira macia da lembrança... Talvez mais alguns dias, meses... Ver esse teu sorriso mais uma vez, insano nos meus braços. Esse permanente derreter de inverno intenso.
Sentir suas cinturas sufocadas num doce puxar de tecidos e metais, sentir suas respirações entrecortadas ao deslizar as amarras no cetim. Ensurdecer ao som dos trompetes, dormir e acordar e dormir nesse constante embriagar de desejos.
Me permitir ser carregada escada acima, num infinito perder e encontrar de olhares. Contar as estrelas do céu um trilhão de vezes, buscar o erro, respirar o doce escorregar e cair do que é ser humana.
Pressionar as palmas das minhas mãos sobre seus ombros, um beijo talvez... "Eu ainda te admiro e te respeito. Talvez... Talvez... ainda mais do que antes, mais do que nunca."


19/06/2010

Cinza-céu (ou "Aqui Sempre Chove")


Ao voltar para a casa em que estou hospedada, após pouco mais de 10 dias em uma viagem que me fez ver o mundo de uma forma mais real, descubro que todas as fotos que estavam na minha maquina fotografica foram permanentemente apagadas.
Meu primeiro impulso foi o de escorar o rosto nas mãos e chorar como uma criança. Louvre, Chateau de Versailles, a foto que eu tanto queria ao lado da estátua de Psique e Cupido, a foto ao lado da Mona Lisa, a foto do alto da Torre Eiffel. Moulin Rouge, Dom de Colonia, Champs Elisée, Museu do Vaticano, Arco do Triunfo, Coliseu, Foro Romano, Palatino, Capitolino, Boca da Verdade, Capela Sistina, e as fotos bobas das flores de Wuppertal e dos vitrais daquela capela pequena no meio da cidade. Tudo apagado.

Chorei por menos tempo que o normal. Ou pelo menos, menos tempo que eu estaria acostumada.

Durante uma tentativa de consolo, me disseram "ainda temos as que nós tiramos" e eu pensei "mas elas não tem a minha alma". Mas não chorei mais, e não lamentei por muito mais tempo; apenas agradeci e fui desfazer minhas malas. O mais importante dessa viagem (eu espero), está gravado em mim...

...e pensar assim me faz ver que já mudei mais do que esperava.

11/06/2010

Humana

Medo de acordar, medo de ser no fim assim, diferente.
Tao pouco tempo e eu ainda preciso disso, dessa falta de verdade, esse sonho.

Entao, eu estou do outro lado do mundo... E isso nao me parece nada.

07/06/2010

Aqui...



... que me perco em cada rua pequena, assim, devagar. Me sinto aqui ainda sozinha, isolada, mas com o infinito ao observar pela janela. Nada é mais infinito do que tudo o que eu vejo. Se é pelos olhos que me vêem verdadeiramente, é também por aqui que absorvo cada gota, cada lágrima, cada toque e canto do mundo que visto.
E talvez eu volte mesmo diferente, acordada desse sonho que me parece não existir, que me pareço não merecer, em que resisto ao minimo impulso de não tocar em nada disso, deixar assim, nessa memória que tento manter imaculada.
E não sonho, não até agora, com nada. Meu sono resume-se agora, no acordar e dormir e pensar "onde estou?" e adormeço novamente, vagarosamente, sem tentar descobrir a resposta.

O estar é isso: relembrar a história ao ver as fotos, sentir de novo o vento do litoral, ver novamente as luzes do por do sol nos vitrais, o sabor das iguarias do bairro antigo e sentir novamente o terror de estar tão alto naquela muralha.

Pra sempre registrado em mim.