Um empurrão, pra me jogar no chão.
Estrépido surdo, bolha de ar depois do afogamento, chute nas costelas.
Corta a respiração, interrompe qualquer linha de pensamento, extingue qualquer chama.
não há palavra minha que cruze a mente
o que acontece é uma repetição surda
"ele me disse que..."
"...foi isso que ele me disse"
"foi o que ele disse"
"...era isso que ele dizia"
"disse sim..."
"tua acha que ele não disse que..."
não há palavra minha que cruze a mente
o que acontece é uma repetição surda
"ele me disse que..."
"...foi isso que ele me disse"
"foi o que ele disse"
"...era isso que ele dizia"
"disse sim..."
"tua acha que ele não disse que..."
Rouba de mim qualquer vontade.
Derruba de mim qualquer raiva.
Apaga de mim qualquer certeza.
E é como se colocasse uma arma na minha cabeça, como se me impusesse ser alguma refém da verdade. O que ela diz é "o que ele disse" apontando pra mim e puxando o gatilho aparentemente sem medo, uma arma que ela carrega com uma munição que não é dela, mas com algum resquício de sorriso que vem do poder de saber. Saber que aquilo me machuca. Saber que aquilo me desorienta. Saber que aquilo é uma espécie distorcida de vitória. Saber que aquilo de alguma forma
me silencia
seca minha lágrima
para o tempo
arranca de mim qualquer coisa próximo ao assombro
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