Mas é isso: toda a minha primitividade advém da retroalimentação da minha baixa auto estima. Há um eixo paralelo ai, entenda, uma voz gutural e deslocada que precisa ser aplacada, curada ou apagada, mas que não é intrínseca nem pura e que me agarra pelo pescoço numa tentativa de me prender ao chão até que eu dobre o corpo numa reverência forçada ao medo que eu tenho de ser rejeitada. É esse o nome que eu não deixo sair de mim nem por um decreto, são essas palavras que não se soltam da minha pele, mas que brilham na camada fina da minha íris invernal.
Veja bem, há tanta gente interessante por aí, muito mais do que eu, que adicionam leveza por onde passam, que não pesam nem exigem, que conseguem dormir à noite, que sorriem e superam, que são fortes e empáticas e belas (tão belas!). Por que haveria eu de privar quem quer que fosse das melhores pessoas que já passaram pela vida das pessoas que eu estimo tanto? Por que haveria eu de deixar que eles se preocupassem com essas coisas transitórias da minha existência? Mas dói sim [e dói muito], porque há de se dizer que tudo isso é racional e é luta, porque o primitivo mesmo vem do ímpeto de gritar e quebrar coisas, de não suportar a dor de um desprezo involuntário[?].
Dói em mim tanta coisa, tanto desespero e egoísmo, tanta verdade, inveja, ciúme e desejo de destruição, que a barragem que segura a correnteza selvagem de um milhão de rios de lágrimas vibra e se desgasta ao impedir os ímpetos violentos da água. Há de se dizer que meu silêncio é muito cheio de tudo, mas mais do que isso, é cheio do abraço morno da fuga, é cheio do ruído ensurdecedor e feroz do pranto do meu distúrbio.
Eu vou procurar ajuda. Talvez nas férias a gente ria disso tudo.
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