Esse calor que me mata, enquanto eu carrego uma sacola cheia de livros que insiste em cortar minha mão direita. Com a mão livre reviro os livros usados de um estande na feira. Minhas costas doem. Meu corpo dói. Minha cabeça pesa. Minha mochila pesa.
E meu coração... Esse eu já perdi de vista faz tempo.
Foi embora, embora enquanto eu escrevo cartas pra que ele volte.
E lá no fundo da feira, num palco improvisado patrocinado por um supermercado qualquer, um tango começa a ressoar num quarteto de cordas. Infinitamente, imponentemente, maravilhosamente é como se Por una cabeza me empurrasse rumo ao que eu precisava. E me trouxe meu coração de volta, cheio de nostalgia. E dor. E um peso quase insuportável.
E naturalmente eu vou às lágrimas.
Vou ás lágrimas porque amo tango, amo cordas, amo música. Amo livros, e amo essa cidade suja e as pessoas que estão aqui. Amo a saudade que eu sinto de poder compartilhar isso com alguém, e amo saber que, por mais que eu procure... eu sei que somos, afinal, insubstituíveis.
"Si ella me olvida
Qué importa perderme
Mil veces la vida,
Para qué vivir"
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